A procuradora Fabiana Schneider, em entrevista sobre a operação que prendeu o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e seu braço-direito na entidade, Leonardo Gryner, disse que causou surpresa o fato de a essa altura da Lava Jato estes crimes ainda sejam cometidos. Eles foram alvo da segunda fase da Operação Unfair Play, que investiga irregularidades na escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016.
“A gente está demonstrando que o Brasil não é mais um paraíso de bandidos e corruptos. A operação serviu para prender pessoas que pensavam que nunca poderiam responder por seus atos. Enquanto os medalhistas buscavam a tão sonhada medalha de ouro, dirigentes do COB guardavam seu ouro na Suíça”, afirmou, em referência a 16kg de ouro que Nuzman mantinha num cofre (estimadas em R$ 2 milhões pelo MPF).
O procurador Rodrigo Timóteo disse que a operação pode ter movimentado bem mais que os US$ 2 milhões que o COB teria repassado ao senegalês Papa Diack como propina. “Vimos e-mails que provam que Papa Diack solicitava mais valores, que foram quitados por outros fornecedores em outras contas fornecidas por ele. Pelo menos mais US$ 500 mil temos certeza que foram quitados, entre 2009 e 2010”.
Segundo o Ministério Público Federal, Nuzman teve crescimento “exponencial” de seu patrimônio entre 2006 a 2016: 457%. Depois da primeira fase da Unfair Play, há um mês, ele retificou seu imposto de renda. Na nova declaração, incluiu dinheiro vivo e as barras de ouro. “Não foi uma retificação espontânea, e sim dirigida, para dar aparência de licitude para um bem que não tem lastro”, disse a procuradora Fabiana.
A Polícia Federal encontrou nesta quinta-feira, 5, R$ 95 mil e US$ 5 mil em espécie na casa do vice presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), André Richer. Também foram encontrados na casa de Richer documentos e dez relógios da marca de luxo Rolex. Contra ele não foi cumprido mandado de prisão, só de busca e apreensão.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e seu braço-direito na entidade, Leonardo Gryner, foram presos. Nuzman é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e também de ter escondido provas e tentado atrapalhar as investigações. O esquema de corrupção estava afinado com o liderado pelo ex-governador Sergio Cabral (PMDB), segundo o MPF. (informações do Estadão)