O prédio da Creche Gente Inocente, em Janaúba (Norte de Minas), onde aconteceu a tragédia que abalou o país, será demolido e dará lugar a outro imóvel, com aspecto moderno. A decisão de apagar da paisagem o cenário do massacre que já vitimou sete crianças e uma professora, além do autor do atentado, foi anunciada ontem pelo prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB). “O novo prédio será totalmente descaracterizado. Queremos que os alunos apaguem da sua memória a triste imagem do que ocorreu ali”, afirmou o prefeito, ao se referir ao incêndio provocado pelo vigia da unidade Damião Soares dos Santos, de 50 anos, na manhã da última quinta-feira.
Ontem,
O Corpo de Bombeiros, ao fazer vistoria no prédio incendiado, além de verificar que a estrutura foi abalada pelo fogo e precisa de intervenção, constatou que o prédio não tem sistema de proteção contra incêndio, como na maioria das pequenas escolas e creches de municípios do interior. “Vamos fazer um levantamento para mudar isso e instalar sistemas de proteção contra incêndio em escolas e prédios públicos. Que o que aconteceu aqui em Janaúba sirva de exemplo para o Brasil mudar essa realidade”, afirmou o prefeito Isaildon .
Ele disse que ainda não sabe quando a prefeitura vai reconstruir a creche, que atendia 75 crianças dos bairros Rio Novo e dos Barbosa. Temporariamente, os alunos serão distribuídos para outras unidades de ensino. Mas o prefeito já decidiu que a construção será demolida e será erguido outro prédio, em parceria entre a prefeitura e a iniciativa privada. O prefeito revelou que um empresário, dono de uma construtora de Montes Claros, já se prontificou a mobilizar a sociedade para fazer doações que viabilizem a nova edificação. Também revelou ter recebido uma ligação da direção da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), oferecendo-se para contribuir na obra.
Isaildon também relatou ter recebido telefonema do governador Fernando Pimentel, se comprometendo a contribuir com o município na recuperação dos danos causados pelo incêndio e na assistência à população, o que também foi prometido pelo secretário de Estado de Planejamento, Helvécio Magalhães, ontem.
Em entrevista no início da noite de ontem, o prefeito e as secretárias municipais de Saúde, Luzia Angélica, e de Educação, Cecília Moreira, falaram sobre o imóvel onde funcionava a creche. Questionados sobre a suposta falta de extintor, sistema anti-incêndio e alvará de funcionamento, as autoridades sustentaram que a escola operava nas mesmas condições desde 2000. “Hoje, nós temos toda a demanda onde é preciso construir, reformar e melhorar. Não só ela (a creche), mas outros prédios da prefeitura”, disse o chefe do Executivo, que está no cargo desde o início do ano.
INQUÉRITO O promotor Jorge Barreto, da comarca de Janaúba, anunciou que o Ministério Público estadual vai entrar com ação civil publica para garantir que as vítimas da tragédia tenham o devido acompanhamento do poder público. O objetivo da ação é também acompanhar a aplicação dos recursos recebidos da população para a assistência às vítimas. Além disso, informou o promotor, será instaurado inquérito civil para para saber se houve negligência administrativa por parte da prefeitura no acompanhamento do caso do vigilante Damião Soares Santos, que, apesar de apresentar problemas psiquiátricos continuou trabalhando. Durante entrevista coletiva, o prefeito de Janaúba negou qualquer falha, afirmando que Damião trabalhava como vigila noturno e não tinha nenhum contato com as crianças. “O que aconteceu foi uma tragédia que ninguém poderia prever”, afirmou o prefeito. (informações do Jornal Estado de Minas/Colaboraram Larissa Ricci e Lucas Soares – estagiário sob supervisão)