Pelo menos 11 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estão paradas em um galpão às margens da rodovia MG-424, em São José da Lapa, na Grande BH. Os veículos foram cedidos ao Estado pelo governo federal em novembro de 2015, mas nunca prestaram serviço à população.
As ambulâncias tinham como destino 103 municípios, por meio de um programa de regionalização do Samu. No entanto, por falta de recursos, nada foi feito. Para piorar, denúncias apontam que o local está sendo alvo de invasões e que aparelhos de TV já teriam sido furtados nos últimos meses.
Além disso, parte dos materiais médico-hospitalares que seriam usados dentro das ambulâncias estaria perdendo a validade devido ao longo período de armazenamento, conforme explica o médico Fernando Pereira Gomes Neto, ex-presidente do Consórcio Intermunicipal Aliança para Saúde (CIAS), grupo responsável pela gestão do espaço.
“A questão é que o material tem uma vida útil muito curta. E isso vai sendo perdido. São eletrocardiógrafos, material de limpeza e de consumo. Está tudo lá parado”, afirma.
Recursos
De acordo com o atual presidente do consórcio, Marcelo Apgaua, o projeto inicial previa a implantação de cinco centrais para as quais as ambulâncias seriam enviadas, em diferentes regiões do Estado. No entanto, a iniciativa não saiu do papel “por falta de dinheiro”.
“Alguns municípios com maior poder econômico como BH, Nova Lima, Contagem e Betim bancam boa parte do custo do Samu e por isso ele funciona. Em outros isso não é possível”, explica Apgaua.
Questionado sobre a falta de segurança no galpão, o presidente admitiu que o local foi alvo de furtos. “Sumiram alguns televisores e a polícia está investigando. Não houve arrombamento e a área tem vigias”, garantiu.
Responsabilidade
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que a guarda dos veículos bem como a escolha do local são de responsabilidade exclusiva do CIAS. Sobre a implantação do projeto Samu Regional Centro, o órgão disse que deve acontecer de forma gradativa devido a características específicas de cada ente envolvido no processo de regionalização.
“Essas ambulâncias deverão entrar em funcionamento quando a regionalização do Samu for concluída. Apesar de não possuir responsabilidade pela guarda dos veículos, a Secretaria de Estado de Saúde tem realizado esforços no sentido de se estabelecer, juntamente aos demais envolvidos, estratégias que viabilizem a imediata regionalização do serviço”, informou a pasta, em nota.
Veículos em galpão devem ser devolvidos ao Estado
Sem a perspectiva de conseguir resolver a questão no curto prazo, o Consórcio Intermunicipal Aliança para Saúde (CIAS) deve devolver 19 ambulâncias para o Estado. Quem afirma é Nádia Cristina Dias Tome, responsável pelo setor de Referência Técnica do órgão.
Segundo ela, a intenção é que o Estado distribua os veículos nos municípios de outras regiões de saúde possibilitando um melhor aproveitamento dos recursos já aplicados.
Ainda de acordo com Nádia, os carros foram recebidos em 2014 para atender milhões de pessoas na implantação do Samu nas cidades que fazem parte do consórcio.
No entanto, com o decorrer do tempo, uma série de dificuldades teria impedido o órgão de cumprir todos os compromissos assumidos. “Foram problemas de regulação e financiamento, impossibilitando principalmente a população dos pequenos municípios de ter acesso a serviços de tamanha importância social”, destaca.
Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que o destino dos veículos está em discussão junto ao Ministério da Saúde e ao CIAS. Na última segunda-feira, uma inspeção geral foi realizada com o intuito verificar se os carros estão em condições de serem utilizados.
“Neste momento a SES-MG está aguardando o envio do relatório final pelo Consórcio Intermunicipal Aliança para que seja dado o devido e regular encaminhamento”, informou a pasta estadual.
O Ministério da Saúde disse que o valor gasto para a compra de 15 ambulâncias cedidas ao Estado foi de R$ 2,2 milhões. (informações do jornal Hoje em Dia)