o IDados se baseou em números fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para analisar as remunerações dos 10 cursos mais procurados por estudantes.
De acordo com o Inep, 48,3% das matrículas no ensino superior se concentram em 10 graduações: administração, ciências biológicas, ciências contábeis, direito, educação física, enfermagem, engenharia civil, medicina, pedagogia e psicologia. A parcela de formaturas nesses cursos é similar, com 48,7% dos concluintes sendo diplomados nessas áreas.
No Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do MTE, a pesquisadora responsável pelo levantamento, Thaís Barcellos pegou os dados de contratação e de criação de vagas nos últimos três anos. Ainda no MTE, ela consultou a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), para obter dados de remunerações nas carreiras.
A pesquisa analisou a remuneração média das 10 profissões em 2005, 2010 e em 2015. Nesse período, três carreiras apresentam os salários mais altos: direito, engenharia civil e medicina. Em 2015, elas eram remuneradas, em média, com R$ 10.763, R$ 8.963,31 e R$ 8.522,84, respectivamente.
A evolução dos salários ao longo dos anos, no entanto, foi melhor em outras carreiras. Os biólogos, que em 2005 ganhavam em média R$ 2.212,94, registravam salários de R$ 4.877,86 uma década depois. “Esse salto da biologia me surpreendeu muito. Em 2005, tinham mais biólogos empregados do que em 2010, quando foi estabelecido um piso salarial como o da engenharia. O salário aumentou bastante, mas a quantidade de biólogos estatutários é menor. Talvez a profissão seja melhor remunerada, mas se contrata menos”, avalia a pesquisadora.
Outros cursos, como educação física, pedagogia e psicologia apresentam salários com pouca variação ao longo dos anos. Oito das 10 carreiras tiveram aumentos variados, mas educação física e administração tiveram reduções salariais em relação a 2005. As contratações nas duas carreiras, no entanto, aumentaram, entre 2015 e 2017, em 168% e em 201%, respectivamente.
Empregabilidade
A promessa de um bom salário nem sempre é o que determina a escolha por uma profissão: o número de contratações por carreira também é um critério. O IDados analisou o número de vagas das 10 carreiras nos primeiros trimestres de 2015, 2016 e de 2017, cruzando as contratações com as demissões. Houve um aumento na criação de vagas neste ano, em relação ao período anterior, em oito profissões: apenas ciências contábeis e enfermagem demitiram mais do que contrataram no primeiro trimestre de 201 em relação ao mesmo período de 2016.
A carreira que mais emprega, disparando na frente das outras, é pedagogia: mesmo havendo redução ao longo dos três anos analisados, 16.228 novas pessoas foram contratadas no primeiro trimestre deste ano, contra 1.890 novos profissionais de educação física, o segundo número na lista. “Olhamos apenas para o início do ano, que é o período que tem maior movimentação de vagas na área de pedagogia. Ainda assim, dá para ver uma melhora no mercado. Os dados negativos estão ficando cada vez menos negativos. É um dado relativamente estável”, comenta a pesquisadora.
Em seguida, a pesquisadora cruzou os dados de salários iniciais com a média de admissões, de janeiro a maio de 2017. A média nacional para pessoas com ensino superior em início de carreira é de R$ 2.948,61. Os números mostram que, apesar do altíssimo índice de contratações em pedagogia, a média de salário inicial é das mais baixas, começando em R$ 1.822,46. Atrás da carreira, fica apenas educação física, com salário para recém-formados de, em média, R$ 1.642,21.
Com uma das taxas mais baixas de contratação, engenharia civil tem o salário inicial mais alto da pesquisa: R$ 6.533,24. Embora o número de formandos seja alto, a maioria não é contratada formalmente como engenheiros, mas como analistas. “Pode ser que o candidato decida por estudar alguma engenharia, que, apesar de contratar menos, tem salários maiores”, pondera Thaís.
Crescimento
Por fim, a análise de dados levou em conta a progressão salarial ao longo da carreira. Ao colocar os salários médios contra os iniciais do ano de 2015, a pesquisa mostra que muitas profissões bastante visadas não têm muita variação ao longo dos anos. É o caso de engenharia, que apesar de ter um salário inicial alto em comparação com os outros cursos, não tem uma progressão significativa: o valor médio da remuneração na profissão é de R$ 8.963,31, contra os R$ 6.481,79 iniciais, registrados naquele ano.
“Engenharia tem um salário inicial muito alto, mas a remuneração média não se altera muito. Acontece com medicina também, em que o profissional começa a carreira ganhando bastante, mas não tem muita alteração. Surpreendente é o direito, que tem um salário de admissão muito baixo, mas no decorrer da carreira aumenta consideravelmente”, avalia a pesquisadora. A média inicial de direito era, em 2015, de R$ 3.646,86, e a média total chega a R$ 10.763.