Minas Gerais é o Estado com a menor proporção de crianças do 3º ano do ensino fundamental com níveis insuficientes de aprendizado. A constatação está na Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016, divulgada ontem. O destaque, porém, não é exatamente sinônimo de bom desempenho, pois a média nacional é baixa. No Brasil, mais da metade dos estudantes que fizeram o exame não sabe fazer conta de adição e subtração.
O resultado mineiro não representa melhora, mas estagnação. No levantamento, 37% dos alunos não passam do nível básico para leitura, contra 31% na avaliação anterior, de 2014. Na comparação com o restante do país, o índice sobe. No Brasil, 54,7% das crianças não alcançaram o considerado suficiente.
Acompanhamento
Para tentar reverter o quadro de estagnação na aprendizagem, o Ministério da Educação (MEC) anunciou, ontem, a Política Nacional de Alfabetização. Uma das medidas coloca assistentes de alfabetização em sala de aula, junto aos professores, abrangendo cerca de 4,6 milhões de alunos no país. A iniciativa deverá ser implantada em 2018.
Também foi criado o Programa de Residência Pedagógica, que vai oferecer 80 mil vagas para a formação de docentes a partir do próximo ano. Esse, inclusive, é um dos pontos mais importantes, segundo especialistas. Psicóloga e doutora em educação pela UFMG, Karina Fideles Filgueira afirma que a formação de professores alfabetizadores é essencial. “Isso já ocorre, mas com pouca eficácia. O professor de qualidade é de primeira necessidade”, avalia.
Em Minas
De acordo com a superintendente de Avaliação Educacional da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Geniana Guimarães Faria, levantamentos como o ANA e o Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa), realizado pelo governo mineiro, são essenciais para o planejamento de políticas mais assertivas.
Para ela, o mais importante já tem sido alcançado, que é reduzir a diferença de nível entre alunos que têm menor e maior proficiência. “Diminuímos o número de crianças no elementar (insuficiente) e aumentamos nos demais, o que mostra que conseguimos chegar em quem tinha mais dificuldade e melhorar o ensino também para eles”. Geniana ressalta que o Estado já oferece o Projeto de Acompanhamento Pedagógico Diferenciado, que dá suporte a estudantes não alfabetizados e que estão inseridos nas turmas de 4º ao 9º anos.
Apoio em casa
Porém, não basta apenas o envolvimento dos professores. “Uma queixa deles é de que as crianças chegam com pouca informação em relação à leitura e escrita”, diz a doutora em educação e coordenadora do curso de pedagogia da Universidade Fumec, Alessandra Latalisa de Sá.
As famílias precisam estimular o aprendizado fora da escola, observa a especialista. “Não é simular aulinhas, porque isso quem faz é o professor, mas inserir a escrita no uso do dia a dia”, finaliza. (informações do Jornal Hoje em Dia)