WASHINGTON — O ex-assessor da campanha de Trump de política externa George Papadopoulos se declarou culpado nesta segunda-feira por ter mentido para o FBI durante a investigação sobre a possível interferência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016. Papadopoulos sugeriu que o presidente americano, Donald Trump, se encontrasse com líderes russos durante a campanha.
Papadopolos é um advogado internacional do setor de energia que fez parte da equipe da campanha de Trump durante as eleições de 2016. Ele assumiu sua culpa no dia 5 de outubro, em um caso que teve o sigilo derrubado nesta segunda-feira, informou o escritório do assessor especial encarregado da investigação. Com a confissão ele se torna o terceiro ex-assessor da campanha do presidente a enfrentar acusações criminais em uma mesma investigação.
“Através de suas falsas declarações e omissões, o acusado Papadopoulos impediu a investigação em curso do FBI sobre a existência de vínculos ou coordenação entre indivíduos associados com a campanha e os esforços do governo russo para interferir nas eleições presidenciais de 2016”, indica a acusação assinada pelo procurador especial, Robert Mueller.
Mais cedo, o ex-chefe de campanha de Trump Paul Manafort foi indiciado pela Justiça americana com um de seus antigos sócios empresariais, Rick Gates. A medida é resultado da investigação liderada pelo procurador especial Robert Mueller no FBI. São 12 acusações contra os dois, entre elas pelos crimes de conspiração contra os Estados Unidos, tentativa de lavagem de dinheiro e falso testemunho. Manafort se entregou ao Escritório Federal de Investigações (FBI) esta manhã, segundo imagens divulgadas pela CNN.
“O indiciamento contém 12 acusações: conspiração contra os Estados Unidos, conspiração para lavagem dinheiro, agente não registrado de autoridade estrangeira, testemunhos falsos e enganosos, falsos testemunhos e sete acusações de falha em registrar relatórios de bancos e contas financeiras estrangeiras”, afirmou o escritório em comunicado.
O indiciamento afirma que Manafort e Gates receberam milhões de dólares por trabalhos realizados para partidos políticos e lideranças da Ucrânia, e lavaram dinheiro por meio de entidades americanas e estrangeiras para esconder os pagamentos entre 2006 e pelo menos 2016. Os dois esconderam seu trabalho e os ganhos como agentes de partidos políticos ucranianos, segundo a acusação.
Manafort, de 68 anos, atuou como chefe de campanha de Trump entre junho e agosto de 2016 e renunciou em meio a relatos segundo os quais ele teria recebido milhões de dólares de pagamentos ilegais de um partido político ucraniano pró-Rússia. O diretor do FBI Mueller está investigando os negócios financeiros e imobiliários de Manafort e seu trabalho anterior para aquele grupo político, o Partido das Regiões, que apoiava o ex-líder ucraniano Viktor Yanukovich. Já Gates é parceiro de negócios de Manafort de longa data e tem ligações com muitos dos mesmos oligarcas russos e ucranianos. Ele também serviu como vice de Manafort durante sua breve passagem como gerente de campanha do presidente.
Trump negou as alegações de conluio com os russos e rotulou o inquérito de “uma caça às bruxas”. No Twitter, Trump defendeu seu ex-chefe de campanha dizendo que Manafort está sendo acusado por declarações anteriores a seu cargo durante a corrida presidencial:
“Desculpe, mas isso foi há anos, antes que Paul Manafort fizesse parte da minha campanha. Por que a Hillary e os Democratas não são o foco?”, escreveu o presidente. “Não há conluio (com a Rússia)!”
OGlobo