O Grupo de Lima pediu ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para que atue visando conter a crise humanitária na Venezuela.
O pedido foi feito através dos ministros de Relações Exteriores do Peru, Ricardo Luna, e do Canadá, Chrystia Freeland, que se reuniram em Guterres em Nova York, representando o grupo.
Em entrevista à agência de notícias EFE após o encontro, nesta segunda-feira (30), Luna explicou que pediu ao secretário-geral uma “aproximação mais direta” diante da “evolução inquietante da crise humanitária”.
“A crise humanitária é real e tem efeitos nos países vizinhos, como a chegada em massa de venezuelanos”, explicou Luna.
“Seria gravíssimo que as Nações Unidas se ocupe das crises no Oriente Médio, na África e na Ásia e não tenha um papel central na que está se desenvolvendo no coração da América do Sul”, completou.
Até agora, Guterres se limitou a pedir que governo e oposição na Venezuela dialoguem, apoiando os esforços de mediação. No entanto, o ministro peruano e os chanceleres de outros países que formam o Grupo de Lima, entre eles o Brasil, consideram que, dada a magnitude da crise humanitária e a gravidade da crise política vivida pela Venezuela, eles exigem um papel mais ativo da ONU.
Conselho
Por enquanto, a solicitação feita pelo Grupo de Lima está focada no âmbito humanitário, não num possível trabalho de mediação, que deveria ser pedido pelo Conselho de Segurança ou pelas partes.
Os chanceleres e representantes dos países que fazem parte do Grupo de Lima tinham se reunido na semana passada, em Toronto. No encontro foi decidido envolver o secretário-geral na crise.
“Nós acreditamos que a situação na Venezuela se deteriorou, que há um retrocesso no processo democrático e uma consolidação da tendência autoritária”, disse Luna.
Além de uma consolidação do regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro, para o chanceler peruano há uma “fragmentação da oposição democrática”.
Apesar das dificuldades enfrentadas até agora, Luna defende uma solução regional para a crise e revelou que há países do Caribe interessados em aderir ao Grupo de Lima.
O chefe da diplomacia do Peru ressaltou que o Grupo de Lima não é um “grupo de pressão”, mas uma iniciativa que busca facilitar uma saída diante da falta de unidade da oposição e o crescimento de um “regime absoluto e totalitário” na Venezuela. (Da Agência EFE/pela Agência Brasil)