Foi iniciada ontem a demolição do prédio da creche Gente Inocente em Janaúba, no Norte de Minas, onde no último dia 5 ocorreu o incêndio criminoso que matou nove crianças, a professora Heley de Abreu Batista, de 43 anos, e o autor da tragédia, o vigia Damião Soares dos Santos, de 50, deixando mais de 40 feridos. A antiga construção será jogada no chão para dar lugar a uma moderna unidade, que será patrocinada por um grupo empresarial e já tem data marcada para entrar em funcionamento: 25 de fevereiro de 2018, quando começará o próximo ano letivo no município.
No segundo dia depois da tragédia, a proposta de demolir a creche incendiada para edificar novo prédio foi apresentada ao prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB), por empresários do setor de construção de civil de Montes Claros, cidade polo da região. A nova unidade será denominada Centro Municipal de Educação Infantil Heley de Abreu, em homenagem a professora. O novo prédio, atenderá às normas de segurança e prevenção a incêndio, ao contrário da antiga construção, que não tinha alvará nem equipamento de proteção e combate ao fogo. Mas o número de vagas será reduzido de 75 para 40 para se adequar às normas de segurança.
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Nessa quarta-feira, os serviços de derrubada do prédio, localizado no Bairro Rio Novo, foram iniciados. Estão sendo retirados, no primeiro momento, materiais da antiga construção, como madeira, portas e janelas, que não foram danificadas pelo fogo e que podem ser reaproveitadas pela administração municipal. O mestre de obras Farley Ribeiro Lisboa disse que os serviços de demolição deverão ser concluídos até a próxima quarta-feira. Com o terreno limpo, a construção do futuro Cemei será iniciada imediatamente. A previsão é que a parte física (alvenaria) do prédio seja concluída em 45 dias.
Muitas emoções Farley Lisboa disse que sente emocionado de trabalhar na derrubada de um prédio onde ocorreu uma tragédia que causou grande comoção no Brasil e no mundo e despertou reação até do papa Francisco. “O meu primeiro sentimento é de tristeza, por causa da dor das famílias que perderam os seus filhos. O seu segundo sentimento é de esperança por devolver um pouco de alegria para as crianças que vão estudar na nova creche”, afirmou o mestre de obras. “Nunca passava por minha cabeça que um dia trabalharia na derrubada de uma creche, ainda mais em um local onde aconteceu uma das piores tragédias do nosso país”, complementou.
O operário Nelci de Jesus Silva, de 34, pai de Ana Clara Ferreira Silva, de 4, uma das crianças mortas na tragédia, disse que concorda com a derrubada do antigo prédio. “Concordo, mas ele (o prédio da creche) nunca vai sair da nossa lembrança. A dor do pai que perdeu o filho é para sempre”, disse Nelci, morador do Bairro Barbosa, vizinho da creche.
Pensamento igual tem Daniele de Oliveira Barros, também de 34, mãe de Thallyta Vitoria Bispo Oliveira, de 4, outra criança morta na tragédia. “Acho que deve demolir (o prédio antigo) para fazer outra creche, com mais segurança. Mas aquele lugar pra mim nunca será esquecido. Aquele local é muito marcante”, disse Daniele.
O prefeito de Janaúba destaca que a nova unidade vai atender “100%” as normas de segurança preconizadas pelo Ministério da Educação. O projeto da futura creche contará com quatro salas de aula, berçário, fraldário, sala administrativa, cantina, banheiros adaptados para crianças, sistemas de prevenção a incêndio e de saída rápida. O valor da obra não foi divulgado. (as informações são do jornal Estado de Minas)