Depois de amargar grave recessão, o Brasil finalmente começa a sinalizar uma retomada econômica, confirmada pela geração de empregos. Em Minas, Itabira, cidade mineradora, fica de fora do ranking das dez cidades que mais geram emprego no Estado. João Monlevade é a única cidade da região do Médio Piracicaba a desfilar neste grupo, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo o Caged houve saldo positivo de 56.652 vagas entre janeiro e setembro deste ano. O que chama a atenção é que quase 30% dos postos, o equivalente a 15.615, foram gerados por apenas 10 dos 853 municípios do Estado, concentrados, principalmente, no Alto Paranaíba e no Sul de Minas.
Conhecida pela produção de calçados, Nova Serrana puxou a fila. No período, a cidade, localizada no Centro-Oeste de Minas, contratou 15.776 pessoas e demitiu 12.068, saldo positivo de 3.708 vagas. A indústria da transformação foi a principal responsável pelos empregos no município, respondendo por 3.137 postos, o equivalente a 84,6% do total.
A cidade concentra o maior número de empresas do polo calçadista mineiro. Das 1,2 mil companhias, mais de 800 estão em Nova Serrana. De acordo com presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Calçadistas (Sindinova), Pedro Gomes da Silva, sair do fundo do poço não foi fácil.
“As empresas de Nova Serrana trabalharam muito para conseguir voltar a contratar. Reduzimos a margem de lucro e melhoramos a distribuição dos produtos”, afirma.
Com o cenário melhor, ele prevê faturamento mais robusto em 2017, quando comparado ao fatídico cenário de 2016. “Só vamos saber como será realmente em janeiro. Mas já fechamos 85% das vendas para o Natal e o resultado tem sido muito bom”, diz.
Em segundo lugar no ranking mineiro das principais empresas geradoras de empregos, com 2.081 vagas criadas entre janeiro e setembro, está Patrocínio, no Alto Paranaíba. No município, o setor de serviços impulsionou a alta de vagas, com saldo de 714 postos. Segundo o prefeito José Eustáquio (DEM), muitos moradores de municípios vizinhos vão à cidade em busca de educação e saúde, fator que alavanca os negócios.
“Temos uma grande gama de serviços, escolas e faculdades que atraem pessoas de toda a região. Muitas vêm também quando precisam fazer um tratamento médico. Esses dois setores são muito importantes para gente”, afirma Eustáquio.
O chefe do executivo também explicou que, recentemente, o município adequou a sua legislação sobre a alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS) e que a previsão de arrecadação com a taxa chegue a R$ 15 milhões por ano e que as contas da cidade estão equilibradas.
A agropecuária foi o principal setor gerador de vagas em São Gotardo, produtora de cenouras e café. Até setembro, o saldo positivo foi de 1.426 postos no total. Só na agropecuária, foram de 1.066 vagas.
Melhoria na renda impulsiona setor de serviços
Quatro dos 10 municípios que mais geraram empregos em Minas Gerais entre janeiro e setembro deste ano foram puxados pelo setor de serviços: Patos de Minas, no Alto Paranaíba, Iturama, no Triângulo, Pouso Alegre e Varginha, ambas no Sul do Estado. O motivo é simples. Com uma melhoria na renda, mesmo que leve, o consumidor começa a retomar hábitos antes deixados de lado, como frequentar salões de beleza, bares e restaurantes.
“Serviços é um setor muito amplo, que abrange vários segmentos. Quando ocorre a retomada da economia, ele reage rapidamente. Atividades que dependem de melhoria da renda das famílias, que vem avançando neste ano, são privilegiadas nesse cenário”, explica o professor do Ibmec e Economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Guerra.
Ele lembra que no começo da semana o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getúlio Vargas, anunciou que a recessão enfrentada pelo país foi encerrada no último trimestre do ano passado, após 11 trimestres de quedas consecutivas no Produto Interno Bruto (PIB). “Esse desempenho de retomada das contratações, sobretudo na indústria, com destaque em calçados e couros e também na construção e serviços, é uma exibição da saída da recessão”, diz.
A construção civil também marcou a retomada dos empregos em Patrocínio, no Alto do Paranaíba, e em João Monlevade, no Vale do Aço. Na primeira, o saldo positivo foi de 1.267 vagas, sendo que o setor foi responsável por 666, o equivalente a 52,5% dos postos. Já em Monlevade, o saldo foi de 1.227, com participação de 74,4% do setor.
Agropecuária
Já em João Pinheiro, no Noroeste do Estado, a alta no número de postos de trabalho se deu na agropecuária. O crescimento dos assentamentos – focados na agronomia familiar e no plantio de maracujá, por exemplo – e o potencial dos pivôs de irrigação para o cultivo de soja são apontados pelo prefeito Edmar Xavier (PDT), o Edinho, como fatores que ajudaram nessa expansão.
O prefeito também explica que há um forte investimento no plantio de café e que, até 2020, ocupará 10 mil hectares e criará outros 2.000 postos de trabalho – a maior cultura do Estado. Além disso, a presença de quatro usinas de cana no município geram cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos.