A Casa Fiat de Cultura e a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, espaços que integram o Circuito Liberdade, promovem nesta quarta-feira (8/11) a Jornada Internacional de Arte Indígena, momento para discussões, relatos e trocas sobre a arte indígena contemporânea.
A iniciativa é um desdobramento da exposição O Tempo dos Sonhos: A Arte Aborígene Contemporânea da Austrália na Casa Fiat de Cultura – a mais abrangente mostra de arte aborígene realizada na América Latina, que está em cartaz na Casa Fiat de Cultura.
O evento contará com a participação de especialistas e pesquisadores da arte contemporânea, além de um artista indígena brasileiro e um artista aborígene australiano. A Jornada Internacional será realizada das 14h às 18h, no Teatro da Biblioteca Pública e a entrada é gratuita, mediante retirada de senhas uma hora antes do evento.
A conferência terá tradução simultânea. No dia 9 de novembro, às 19h, o público poderá fazer uma visita mediada à exposição O Tempo dos Sonhos, na Casa Fiat de Cultura, com o curador Clay D’Paula e convidados. A participação é gratuita.
Em itinerância pelo Brasil, a mostra “O Tempo dos Sonhos” já passou pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e agora está em cartaz na capital mineira, na Casa Fiat de Cultura, até o dia 19 de novembro.
O interesse do público por pelas pinceladas coloridas, narrativas enigmáticas, mitos e sonhos transformados em pinturas, gravuras e esculturas reforçaram a intenção dos organizadores da exposição sobre a importância de oferecer um momento de reflexão sobre esse fenômeno. O seminário reunirá australianos e brasileiros interessados nas interfaces entre cultura e desenvolvimento, entre diversidade cultural e experiência estética e entre arte e cidadania.
Participarão da Jornada Internacional de Arte Indígena o curador da exposição “O Tempo dos Sonhos”, Clay D´Paula, que é especializado em Arte Contemporânea e Moderna na Universidade de Sidney, Austrália; a antropóloga, pesquisadora e especialista em Arte Aborígene Contemporânea da Austrália, Ilana Goldstein; o curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (RJ), Ricardo Resende; o designer e artista indígena brasileiro, Denilson Baniwa; os australianos Djon Mundine, celebrado curador de arte aborígene, e Willurai Kirkbright, artista aborígene contemporânea, que juntos irão abordar as especificidades e os potenciais das artes indígenas, tema pouco explorado no Brasil, e com enorme potencial de empoderamento e geração de renda.
O contexto australiano e o brasileiro têm muito mais em comum do que se imagina. De acordo com o especialista em Arte Contemporânea e Moderna, Clay D’Paula, talvez as experiências com políticas públicas e empreendedorismo privado que resultaram no boom da arte aborígene australiana nas décadas de 1990 e 2000 possam inspirar iniciativas similares ou análogas no Brasil.
“Existem, hoje, cerca de 100 cooperativas autogeridas por comunidades indígenas na Austrália, os principais museus australianos possuem alas para expor artes nativas e as cidades australianas abrigam dezenas de galerias comerciais que vendem arte indígena. É o extremo oposto do contexto brasileiro, em que insistimos em falar de “artesanato” indígena e congelar os povos indígenas no passado”, ressalta D’Paula.
O especialista diz que conhecemos pouquíssimo sobre a enorme diversidade cultural e estética das mais de 300 etnias que vivem em território brasileiro. “Talvez também aqui a arte possa funcionar como uma plataforma de comunicação entre visões de mundo diferentes, como uma estratégia para dar visibilidade a povos historicamente visibilizados e muitas vezes esquecidos”, completa.
A Jornada Internacional de Arte Indígena é uma realização da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais em parceria com Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha) e Governo de Minas, com patrocínio do Cultura Inglesa, Council on Australia Latin America Relations (Coalar) e Ramada Encore. O evento tem apoio da Casa Fiat de Cultura, da Caixa Econômica Federal, do Ministério da Cultura e do Governo Federal. A idealização e a produção é da 2 Levels (Arte & Cultura) e da CMP – Monarto Productions.
A exposição
Trata-se da mais abrangente exposição de arte aborígene realizada na América Latina. A mostra reúne mais de 70 obras-símbolo da perpetuação da tradição artística mais antiga do mundo e incita reflexão acerca da sobrevivência das culturas indígenas. São pinturas, esculturas, litografias e bark paintings (pinturas em entrecasca de eucalipto), que demonstram a variedade e a vitalidade dos estilos artísticos encontrados nas diversas regiões australianas.
As obras selecionadas situam-se entre a abstração e figuração e são de artistas renomados como como Rover Thomas e Emily Kame Kngwarreye, que já tiveram os seus trabalhos expostos no MoMA e Metropolitan de Nova Iorque, Bienais como a de Veneza, São Paulo e Sidney, entre outros eventos de prestígio internacional, como o Documenta, em Kassel. A estética desses artistas é inspirada em narrativas e histórias repassadas de geração a geração, e exprimem muitas vezes o seu relacionamento com o universo, a natureza e o espiritual.
A exposição tem entrada gratuita e fica em cartaz até dia 19 de novembro.
Agência Minas