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Principal estreia nos cinemas desta semana, o filme dirigido por Zack Snyder parece conversar fortemente com o seu tempo, ao falar de uma época de grande escuridão após a morte de Superman (exibida em “Batman vs. Superman – A Origem da Justiça”), com a perda de valores essenciais e a descrença no futuro.
Assim, logo nas primeiras imagens vemos um policial prendendo um neonazista. O filme também valoriza as mulheres, no papel assumido pela Mulher Maravilha na equipe, além do sacrifício das amazonas para deter o grande mal representado por Lobo da Estepe, que ressurge justamente no vácuo de poder, após Batman e Superman lutarem em lados contrários.
O que se vê a partir da gradual junção de forças de homens tão habilidosos é o oposto do que representa o messianismo do Homem-Morcego – espécie de salvador da humanidade cheio de contradições que usa o medo e a punição como armas.
Sociedade do Anel
A trama nos faz lembrar de “O Senhor dos Anéis”, ao mostrar uma época em que os diferentes povos (amazonas, moradores de Atlântida e seres humanos) uniram-se para enfrentar Lobo. A Liga da Justiça seria a Sociedade do Anel, em busca de três caixas que ampliam a influência maléfica no mundo.
Na história do filme, esse agrupamento é fundamental para a vitória ser factível. Jogado para os dias atuais, lá estão o negro (Cyborg), a mulher (Mulher Maravilha) e a juventude (Flash). É um filme de super-herói sem bandeiras e exércitos americanos. Sem uma autoridade forte.
Diferentemente dos filmes da Marvel, o final não é apoteótico e cansativo. Coadjuvantes na galeria de heróis, Cyborg, Aquaman e Flash têm funções importantes – o último também serve como alívio cômico. Tem problemas? Sim. A forte sexualização de Mulher Maravilha é um deles. Dispensáveis, por exemplo, as duas cenas mostrando o traseiro dela.