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Segundo a mãe Adriana Cristina Delalori Abrame de Oliveira, como o organismo da menina não suporta mais quimioterapia, os médicos sugeriram que Júlia fosse submetida ao transplante de medula haploidêntico, que é feito com alguém metade compatível. No caso, o doador será o pai.
“Infelizmente não achamos alguém 100%. Como a Júlia não pode mais esperar, os médicos indicaram o transplante com o pai dela, que é metade compatível e pode ter chances de cura. Queríamos muito ter achado alguém totalmente compatível, mas valeu todo mundo que ajudou se cadastrando. Esperamos que continuem os cadastros para ajudar outras pessoas”, diz
Júlia foi diagnosticada com leucemia há quatro anos e os pais começaram com uma campanha nas redes sociais em busca de um doador de medula óssea, já que nem a irmã mais nova é 100% compatível.
Segundo a oncologista Luíza Milare, que acompanha o tratamento da garota no Hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci), em Sorocaba (SP), o transplante haploidêntico tem sido uma solução apontada pelos especialistas, já que a chance de encontrar um doador 100% compatível é uma em 100 mil.
“O haploidêntico é uma solução apontada pela medicina para os casos que não são curados com quimioterapias e pessoas que não encontram o doador 100% compatível. Para fazer é necessário que a Júlia zere sua medula com quimioterapia e depois faça o procedimento. A pessoa que doará também é submetida a uma série de exames”, explica.
Ainda segundo Adriana, há chances de rejeição do corpo da filha com a nova medula, mas a esperança de cura continua em todos da família.
“Estamos ansiosos para que façam logo o transplante, mas ao mesmo tempo temos receio. Falaram que o corpo pode rejeitar, mas há medicação para controlar e acreditamos na cura. Acreditamos que tudo dará certo. Temos muita fé”, diz.
Para a família, a esperança de ter alguém 100% compatível ainda não acabou. “Enquanto ainda não definirem a data do transplante, quem sabe não surge algum doador 100% compatível? Nada é impossível para Deus”, diz.
Fila gigante
Mais de 1,6 mil pessoas formaram uma fila para se cadastrar como doador de medula óssea para ajudar a Júlia no dia 28 de outubro. O mutirão foi organizado no Centro Médico de Especialidades Médicas (Cemem) por uma amiga da mãe da menina, que é enfermeira e se sensibilizou pela história.
“Fiquei emocionada com tanto amor e carinho das pessoas que se mobilizaram para ajudar uma criança, muitos nem a conhecem, mas deixaram de lado seus afazeres e enfrentaram uma fila para se cadastrar. Além dessas pessoas, recebi mensagem de outros estados e até da Argentina e Dubai, dizendo que fizeram o cadastro para ajudar a Júlia. Eu só tenho que agradecer”, conta emocionada.
Ainda segundo Adriana, além das pessoas que se cadastraram, cerca de 400 pessoas foram dispensadas, pois havia acabado os kits para coleta de sangue.
“A campanha estava prevista para acabar às 17h, mas soubemos que antes desse horário já havia acabado os kits e então tiveram que dispensar as pessoas que estavam na fila. Por conta disto, uma nova campanha será organizada, porém ainda não temos uma data marcada”, explica.
Com o cadastro realizado, o sangue coletado vai para um laboratório que fará os procedimentos necessários para inserir os voluntários no cadastro nacional de doadores.
Eloisa Maria Soares, de 47 anos, ficou sabendo da campanha pelas redes sociais e, comovida com a história da criança, decidiu se cadastrar.
“A cidade inteira está comovida, foram espalhados cartazes por toda cidade. Eu fiquei sabendo do mutirão pelas redes sociais e decidi fazer o cadastro”, conta.
1 em 100 mil
Júlia foi diagnosticada com leucemia quando tinha apenas 2 anos, desde então começou a fazer o tratamento, e os pais foram informados de que ela precisa do transplante de medula óssea para continuar com as sessões de quimioterapia e radioterapia.
“Ao longo dos anos, com a quimioterapia e radioterapia, a medula da Júlia passou a não aguentar mais, tanto que ela não tem conseguido mais recuperar o funcionamento da medula no pós-quimioterapia. Quando ela recomeçou a fazer o tratamento ficou internada com a medula totalmente zerada nas funções. Nos informaram, então, sobre a necessidade do transplante e soubemos que a irmã mais nova, que tinha grandes chances de ser a doadora, não era totalmente compatível. Foi aí que começamos a incentivar o cadastro de doador de medula para achar alguém”, conta a mãe da menina.
Segundo a oncologista Luíza Milare, a chance de encontrar um doador fora da família é de 1 em 100 mil . Por isso, a importância de incentivar o cadastro de doadores de medula.
“Sempre quando apontamos o transplante, procuramos saber a compatibilidade nos irmãos. Há 25% de chance do irmão ser 100% compatível, 50% de chance de ser metade e 25% de não ser. No caso da Júlia, a irmã dela, de 4 anos, é metade compatível. Já a chance fora da família é uma em 100 mil. Ela precisa do transplante para continuar com o tratamento, já que não responde mais com as sessões de quimio”, explica a oncologista.
Fé
Para Adriana, o maior sonho de todos da família é a menina seja curada. “Ela é muito forte e apesar de tão nova e inocente, ela tem muita fé. Em todos esses dias difíceis que temos vivido, sempre ela tira uma de dentro dela que me fortalece. Ela diz: ‘mãe, eu vou vencer porque eu tenho Jesus e Ele é o médico dos médicos’. Fala sempre isso”, ressalta Adriana. (informações do G1)