Neste domingo, o Sepultura vai se apresentar na praça da Estação, em um evento em comemoração aos 120 anos de Belo Horizonte, a partir das 17h, e que contará com mais duas bandas de metal da capital mineira, o Eminence e o Carahter.
Em entrevista a0 Jornal O TEMPO, o baixista Paulo Xisto, único a estar presente em todos os discos do Sepultura, falou a respeito desse show, das gerações do metal de BH, da repercussão do novo álbum, “Machine Messiah”, do clube do coração, o Atlético, dentre outros assuntos. Confira abaixo.
Fale um pouco da expectativa do Sepultura para o festival deste domingo em BH e de tocar ao lado do Eminence e do Carahter.
Conheço o Eminence há bastante tempo, tenho projeto com o Alan e o André (baterista), que é o Unabomber Files. Tocamos com o Eminence na praça da Estação em 2015, na Virada Cultural. A gente tem uma amizade forte. E vai ser legal essa junção do heavy metal em Belo Horizonte. Em 2015, comemorávamos 30 anos da banda. E agora, o aniversário de BH.
Como vem sendo a repercussão de “Machine Messiah” e a turnê?
Já passamos por América do Norte, Europa, América do Sul e América Central. E agora estamos passando por uma parte do Brasil. Depois de BH, vamos para Ásia, Tailândia, Indonésia e Emirados Árabes. E encerraremos o ano em Porto Alegre no dia 16 de dezembro. Em fevereiro, voltaremos à Europa como headliners. O disco está sendo bem recebido por fãs e crítica. A gente vinha tocando músicas dele nessas turnês. Mas em BH, por ser um festival, vamos dar uma mudada no repertório.
O disco fala sobre uma sociedade robótica. Recentemente, o Andreas Kisser deu uma entrevista dizendo que o celular passou a fazer parte da mão das pessoas. Você concorda?
Com certeza, hoje está bem dependente dessa maquininha, que praticamente faz tudo. Não se vive sem ela. Mas chegou a um ponto em que as pessoas saem à noite e ficam na rede social em vez de trocar ideia e interagir. O mesmo acontece em show, quando às vezes não se está interagindo ou guardando momentos na memória. A tecnologia é boa e faz parte do desenvolvimento humano, mas tem que se tomar cuidado ara se tornar escravo. A gente que é mais velho pode falar, porque passamos por tudo, a época da fita k7, do vinil, por vários formatos, praticamente todos. E o Sepultura sobreviveu. Temos experiência para falar.
O “Schizophrenia” (disco de 1987) completou 30 anos de vida. E depois dele, o Sepultura estourou no exterior. O que você mais se lembra daquela época e como é retornar a BH comemorando essa marca?
É um disco que começou a abrir as portas para o Sepultura. De lá para cá nunca paramos. Temos muito carinho por Belo Horizonte. Quando a gente tem uma folga maior, pego minhas coisas e vou para BH para ficar o máximo de tempo que eu puder.
Aquele disco também representou a entrada do Andreas Kisser à banda. Como é tê-lo como companheiro depois de tantos anos?
Tem pouco mais de 30 anos que a gente se conhece. É como se fosse meu irmão. A gente fica mais tempo junto do que com nossas famílias. A gente briga como irmãos, mas sempre nos demos bem. E isso é que é importante. Um respeita o espaço do outro. Por isso que estamos juntos até hoje. Mas o Sepultura é um time, a máquina funciona como uma coisa só. A convivência do dia a dia é importante.
De que forma você vê a atual cena de metal no Brasil?
“A cena heavy metal nunca saiu. O estilo de música não é um estilo para se tocar em rádio. O fã procura saber onde serão shows e vai atrás. Acompanha a banda mesmo. O heavy metal é o estilo mais forte, um segmento de fieis mesmo, como se fosse religião de pai para filho. A gente vê em nossas viagens pessoas mais velhas do que eu e muitas crianças também.
Além do heavy metal, que outro estilo você gostaria de tocar um dia?
Gostaria de tocar algo mais puxado para o rock. Mas sou um cara muito preguiçoso (risos). A vontade sempre existe em fazer um som com amigos. É um momento de distração, não ficar só no lado profissional da coisa