Investir parte das economias requer planejamento e consciência de que o tamanho do retorno depende do risco assumido. Quem é mais cauteloso, costuma procurar aplicações atreladas à renda fixa. A renda variável é recomendada para quem tem perfil mais arrojado, diante das oscilações nos preços das ações. Entretanto, o investimento mais popular do país atualmente são as criptomoedas, em especial o bitcoin. A moeda virtual acumula a impressionante valorização de 1.800%, conforme o site especializado norte-americano Coin Market Cap.
Entretanto, diversos cuidados devem ser tomados antes de decidir investir em moedas virtuais. O primeiro deles é saber que esse ativo não é regulado por nenhum banco central, não tem lastro, as perdas não são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e que são comuns oscilações superiores a 20% em um único dia. Para se ter uma ideia, quando há volatilidade superior a 10% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o pregão é interrompido por alguns minutos e isso ocorre, sobretudo, em momentos de crise. Logo, aplicações em bitcoins e outras moedas digitais geram exposição a um risco fora dos padrões.
O presidente da Mercado Bitcoin, Rodrigo Batista, uma das principais corretoras de moedas virtuais do país, ressalta que a criptomoeda é um ativo com diversos riscos envolvidos. Segundo ele, os interessados não devem aplicar parte significativa do patrimônio ou uma quantidade de dinheiro que fará falta. “O bitcoin, sobretudo, ainda é uma tecnologia experimental. As pessoas precisam estudar o negócio antes de investir”, detalha. De acordo com Guto Schiavon, sócio-fundador da FOXBIT, os interessados em aplicar em criptomoedas precisam ter noção de que esse é um mercado com grande volatilidade e é necessário o mínimo de conhecimento antes de tomar a decisão de investimento.
Nos Estados Unidos, onde o bitcoin era negociado a US$ 952,55 em 31 de dezembro e em dezembro de 2017 chegou a R$ 18.651,10, os interessados em comprar a criptomoeda têm colocado em risco o próprio patrimônio. Muitos têm hipotecado as casas para usar o dinheiro em busca do retorno acumulado no último ano. “Não hipoteque sua casa para comprar essas moedas”, alerta o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn. O chefe da autoridade monetária é um dos principais críticos às moedas virtuais, sobretudo ao bitcoin.
Segundo ele, as moedas eletrônicas têm duas funcionalidades. A primeira, especulativa, de gerar ganhos para quem compra e vende, o que estimula a formação de bolhas e pirâmides. A outra é dar suporte a atividades ilícitas. “Quem usa essas moedas virtuais para cometer crimes não está isento de punições legais”, destaca. Apesar das críticas, Ilan avalia que a tecnologia por trás do bitcoin, o blockchain, deve ser usada em outras atividades em um futuro bem próximo.
PIRÂMIDE O bitcoin foi criado em 2008 por Satoshi Nakamoto, pseudônimo usado pela pessoa ou grupo de criadores da tecnologia. Quando duas pessoas resolvem fazer uma transação de bitcoin, a cadeia de blocos com as informações da operação é enviada pela rede e verificada por mineradores, que autenticam os dados. Após a atuação dos mineradores, a operação vai para um “livro-razão”, que é publico e não pode ser alterado. Dessa forma, os arquivos não podem ser copiados ou fraudados e as transações não podem ser rastreadas.
Mesmo com a valorização do ativo, pouquíssimos estabelecimentos comerciais ou prestadores de serviço no Brasil aceitam pagamentos em moedas digitais. O ativo tem sido usado mais como forma de investimento do que uma moeda para realização de transações.
Apesar disso, o grupo goiano BRShare anunciou, esta semana, que passou a aceitar pagamento em criptomoedas, não só em bitcoin, para seu pacote turístico com destino aos hotéis que mantém em Caldas Novas (GO). Como forma de pagamento, serão aceitas, inicialmente, as criptomoedas bitcoin, dash, monero, Iota e ethereum. (Estado de Minas)