Marcelo Odebrecht, o megaempresário da construção civil no centro do maior escândalo de corrupção já investigado da história do Brasil, deve deixar a prisão nesta terça-feira. Preso em junho de 2015, em Curitiba, No Paraná, Marcelo vai cumprir o resto de sua sentença de 10 anos de reclusão em prisão domiciliar em uma luxuosa mansão em São Paulo.
Apelidado de “o príncipe” em seu auge, liderou a maior empreiteira da América Latina, com projetos em todo o mundo, do estádio da equipe de basquete Miami Heat a uma barragem em Angola.
Apenas alguns anos atrás, este CEO de olhar penetrante por trás de seus pequenos óculos de aro redondo era um dos homens mais influentes do Brasil.
Mas tudo mudou em 2015. Acusado de pagar subornos a dezenas de líderes políticos em todo o mundo para obter contratos, foi preso em sua casa, como parte das investigações da Lava-Jato.
A investigação revelou uma rede de corrupção de magnitude inimaginável, da qual a Odebrecht é um dos casos mais emblemáticos.
A empresa dispunha de um departamento de contabilidade dedicado apenas a esses pagamentos ocultos: o “setor de operações estruturadas”, mais conhecido internamente como o “departamento da propina”.
Cerco se fechando
Agora, com 49 anos, Marcelo Odebrecht já não é o CEO do grupo familiar. Nesta terça-feira, ele vai deixar a prisão de Curitiba após ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Suas condições atuais de detenção não são particularmente severas. Dispõe de microondas, uma geladeira e uma televisão em sua cela, cujas portas podem permanecer abertas.
Mas, a partir de terça, o ex-empresário vai trocar uma cela de 12 m2 pelo conforto de uma mansão de 3.000 m2.
Ele viajará para São Paulo em um jato particular, para retornar ao bairro do Morumbi, onde vivem sua esposa Isabel e seus três filhos.
Equipado com uma tornozeleira eletrônica, ele primeiro deverá permanecer confinado em casa 24 horas por dia, antes de poder sair, às vezes, em 2020.
O que quer que aconteça, seu retorno à sociedade deve ser agitado.
Níveis alarmantes
A maioria dos membros da família Odebrecht foi atingida pelo escândalo, mas foi a partir do momento em que Marcelo assumiu as rédeas da empresa, em 2008, que a corrupção atingiu níveis alarmantes.
Depois de resistir por bastante tempo, finalmente sentou-se à mesa das delações ao perceber que o cerco da Lava-Jato estava se fechando.
A empresa também teve que pagar uma multa astronômica de US$ 2,6 bilhões aos governos do Brasil, Suíça e Estados Unidos.
Em troca, Marcelo Odebrecht obteve uma redução de sua pena, de 19 a 10 anos de prisão, com uma boa parte a ser cumprida em domicílio. (Com AFP)