Pela
Marin foi condenado pelo júri popular no Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York, onde corre o “Caso Fifa”. O tamanho de sua pena será definido pela juíza Pamela Chen, que não tem prazo para publicar a sentença. Até lá, ele espera pela decisão em prisão domiciliar, em seu apartamento na Trump Tower, em Manhattan.
Como se trata de decisão de primeira instância, Marin vai recorrer. A soma das penas por chegar a 60 anos, mas uma punição desse tamanho é tida como improvável. A maior investigação sobre corrupção na história do futebol foi conduzida pelos EUA porque foram usadas empresas e contas bancárias americanas para movimentar dinheiro.
Presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero – como foi suspenso pelo Comitê de Ética da Fifa por 90 dias na última semana, Coronel Nues está no comando -, e o ex-presidente da confederação, Ricardo Teixeira, foram indiciados pelos mesmos sete crimes da acusação de Marin. Mas os dois estão no Brasil, país que não extradita seus cidadãos, e portanto estão longe do alcance das autoridades americanas. As acusações contra eles não serão retiradas.
Ex-presidente da Conmebol também recebe veredito
No mesmo julgamento, foi condenado também o ex-presidente da Conmebol, Juan Angel Napout – o veredito do ex-presidente da Federação Peruana de Futebol, Manuel Burga, foi o único ainda não revelado. Das cinco acusações, Napout foi inocentado em duas: lavagem de dinheiro na Libertadores e na Copa América. Os jurados voltarão a se reunir na semana que vem para chegarem a uma decisão sobre Burga.
Marin foi acusado de receber US$ 6,5 milhões em propinas durante os três anos em que mandou na CBF – de 2012 a 2015. O dinheiro era pago por empresas de marketing esportivo, em troca de contratos de direitos de transmissão e marketing de campeonatos de futebol.
Ao longo de seis semanas de julgamento, os esquemas de corrupção foram detalhados por empresários que pagavam esses subornos – como o brasileiro J. Hawilla, da Traffic – e por outros dirigentes que receberam esses subornos. A defesa de Marin tentou desqualificar os delatores, mas falhou.
Os advogados do ex-presidente da CBF também tentaram pintá-lo como “um inocente útil”, chegaram a compará-lo a uma criança que “só completa o time”, mas tais argumentos não convenceram os jurados. A estratégia de culpar Marco Polo Del Nero pelos também falhou.
As propinas estavam relacionadas a três torneios: Copa América, Copa Libertadores e Copa do Brasil. Os dirigentes vendiam os direitos a essas empresas a preços muito baixos. Eles então revendiam a emissoras de TV e a patrocinadores por preços muito altos. Com a diferença, os empresários pagavam as propinas e enchiam os próprios bolsos.
Antes de fazer carreira como dirigente de futebol, Marin se dedicou à política. Foi vereador, deputado estadual e chegou a ser governador “biônico” de São Paulo durante dez meses (entre 1982 e 1983) durante a ditadura militar.
José Maria Marin chegou à presidência da CBF em 2012, aos 80 anos, quando Ricardo Teixeira renunciou, acossado por denúncias de corrupção no Brasil e no exterior. Como era o mais velho dos cinco vice-presidentes, Marin assumiu. Imediatamente nomeou Marco Polo Del Nero seu vice e passaram a dividir o poder.
– Marin e Del Nero eram como gêmeos siameses. Estavam sempre juntos e tinham o mesmo tratamento – definiu o argentino Alejandro Burzaco, ex-CEO da Torneos, empresa que tinha vários contratos na Conmebol, todos obtidas na base do pagamento de subornos para dirigentes.
Estiveram sempre juntos, até a madrugada de 27 de maio de 2015, quando a polícia suíça prendeu Marin no hotel Baur Aur Lac, em Zurique. Del Nero, contra quem não havia acusações na época, pegou um avião para o Brasil, de onde nunca mais se arriscou a sair. Há uma semana, o Comitê de Ética da Fifa anunciou a sua suspensão por 90 dias após ter sido citado pelos promotores do Caso Fifa, nos Estados Unidos de ter recebido US$ 6,5 milhões (R$ 21,5 milhões na cotação atual) em propinas para beneficiar empresas de marketing esportivo.
GE