A estilista mineira Fabiana Milazzo estreia na São Paulo Fashion Week com uma coleção que homenageia o Brasil. Na passarela, a riqueza do nosso trabalho artesanal, elementos de fauna e flora e paisagens amazônicas misturados a símbolos icônicos da cidades históricas de Minas e das metrópoles brasileiras, como obras de Oscar Niemeyer, os grafites de São Paulo, o Cristo Redentor e as favelas do Rio de Janeiro.
Para as peças feitas à mão, Fabiana se uniu a ONGs que investem no trabalho de artesãos, promovendo a cidadania através do ensino e valorização de práticas sustentáveis. Com o Instituto Tecendo Itabira (MG), de Ronaldo Silvestre, que treina e qualifica mulheres para a produção de peças artesanais, a designer desenvolveu peças de formas orgânicas com textura em relevo que refletem a sinuosidade das obras do arquiteto Oscar Niemeyer. Já o projeto Casulo Feliz, tecelagem artesanal de Maringá (PR), empresta seu fio de seda sustentável para casacos e blusas da coleção. No denim, os moletons levam o trabalho das mulheres da ONG Ação Moradia (Uberlândia), onde a estilista idealizou e financia o projeto Mulheres de Renda, que visa gerar renda por meio da profissionalização de bordadeiras.
O denim, aliás, continua forte na coleção de Fabiana, fazendo o contraponto entre o casual e a moda festa e feito em parceria com a Canatiba, através do projeto CanatibaLab + Fabiana Milazzo, do qual a estilista faz parte. A aposta da vez para o material é em listras criadas no próprio tecido com tiras de jeans reaproveitados, que seriam descartados, ou em bordados, misturando lã e pedraria. O trabalho pode ser visto em saias, trench coats e moletons oversized.
Tecidos nobres, como chiffon, organza e musseline de seda pura aparecem em vestidos de festa godê – longos e midi -, saias amplas e blusas de mangas volumosas, românticas como a essência da marca. Nas peças de shape mais ajustado, os decotes e cavas são mais profundas, dando um ar sexy à coleção essencialmente romântica. Já as peças construídas com o viés de zibeline são mais estruturadas e apresentam formas inspiradas no trabalho de Niemeyer, mas com inspiração nas curvas do corpo feminino.
Na cartela de cores, o off white foi usado como base para as estampas e bordados – que levam toques metalizados – além de azul intenso, denim e dois tons de vermelho.
Nos pés, sapatos desenvolvidos pela Masqué, de Adriana Pedroso, trazem pequenas “penas” feitas artesanalmente em couro, lembrando pássaros. Brincos e colares foram desenvolvidos em parceria com a Annaka.
LOOK NA CERIMÔNIA DO PRÊMIO GLOBO DE OURO
Um dos vários vestidos produzidos pelo Projeto Tecendo Itabira foi destaque durante a cerimônia da 74ª edição do Globo de Ouro, que aconteceu na noite deste domingo (8) no hotel Beverly Hilton, Beverly Hills, na Califórnia, Estados Unidos. O vestido foi usado pela embaixadora do Golden Globes para atividades de empoderamento de meninas carentes.
Pelas redes sociais o gestor e estilista itabirano, Ronaldo Silvestre, comemorou a exibição das peças produzidas em Itabira. “Um momento especial para a nossa defesa, a cadeia de moda como agente de transformação e desenvolvimento sustentável. Criamos e produzimos oito (08) looks para a estreia da Fabiana Milazzo no SPFW-43. Todas as peças estão conquistando o mundo. Quando defendemos que após qualificarmos mulheres em cidades do interior de Minas e colocamos afeto e pertencimento em nossos produtos, vendemos para qualquer lugar do mundo”, escreveu Ronaldo.