Monobloco faz ensaio aberto da bateria mineira, que desfilará no Carnaval de BH
ALEX BESSAS
Atual capital do Carnaval das Minas Gerais, Belo Horizonte demorou a descobrir sua vocação para a folia. Mas, bem, agora que assim se reconheceu, a cidade reinventa o fôlego carnavalesco de verão a verão. Não por acaso, pelo segundo ano consecutivo, o Monobloco – um dos grupos símbolos da renovação da festa no Rio de Janeiro, ainda nos anos 2000 – volta a desfilar na cidade. E a bateria, claro, pulsa mineiridade.
Acontece que, desde 2016, o Monobloco tem sua bateria belo-horizontina e a que participa do cortejo do bloco neste ano, realiza seu segundo ensaio aberto na noite da próxima quarta-feira (17), no Distrital.
“A primeira vez que montamos uma bateria em BH foi a convite do Gustavo Caetano, do bloco Unidos do Samba Queixinho”, lembra Celso Alvim, maestro do grupo. Ele pontua que as oficinas de percussão começaram em junho de 2016, já atentos ao Carnaval do ano seguinte. Deu tão certo que voltaram. “Desta vez, temos uma bateria mais ‘engrossada’ de mineiros, já que o número de interessados aumentou de lá pra cá”, diz ele.
Vale dizer, o grupo já cumpriu a missão de ensinar percussão para leigos da música e amantes do Carnaval para cerca de 1.200 pessoas, como estima Alvim. “É difícil dizer com precisão, porque muitas pessoas acabam voltando a fazer parte da nossa bateria”, diz. “São mais ou menos 60 batuqueiros de BH”, comenta ele. “Mas vamos desfilar com uma bateria de cem músicos, porque muitos vem do Rio e de São Paulo”, completa.
Renovação
Em seu segundo Carnaval na capital mineira, Alvim comenta que ouve falar de “uma festa rica e criativa em propostas musicais e estéticas” e que se torna, cada vez mais, “o destino dos mineiros e até de pessoas de outros lugares”. Com 18 anos de Monobloco, o que é sinônimo de experiência de muitos carnavais, Celso lembra que este fenômeno, “de apropriação da população e dos músicos do Carnaval”, é algo que já aconteceu no Rio de Janeiro e que está acontecendo também em São Paulo. “Para nós, é um barato fazer parte dessa renovação”, orgulha-se.
Neste ano, o Monobloco faz desfiles não só em BH, como também nas capitais fluminense e paulista. O tema, nos três lugares, é um só: o amor de Carnaval. “Pode ser aquele brejeiro, muito rápido, ou aquele duradouro, pra vida toda, vamos nos embalar pelo amor”, avisa Alvim.</CW>
Pensando em tal mote, Moraes Moreira compôs, especialmente para o grupo, a música “Amor de Carnaval”, disponibilizada na última sexta-feira (12), nas mídias digitais. “É uma canção que tem a simplicidade e a ginga do Moraes”, elogia o maestro.
“O amor é o tema universal da música, da poesia… Então, vai ter um pouquinho de cada lugar, músicas nossas e também de outros artistas, como Tim Maia, Jorge Ben, Nando Reis, Skank”, enumera ele. Aliás, pensando nas particularidades da folia em cada cidade, o maestro lembra que trazer músicas de artistas regionais funciona como um tempero. “O Monobloco é um passeio pelo cancioneiro brasileiro e isso faz que a gente transite bem com públicos de lugares diferentes”, pontua. “Em BH, quando tocamos algo do Skank ou do Jota Quest, todo mundo vai a loucura”, comenta. Por isso, claro, não faltarão canções do pop mineiro, como “Garota Nacional” e “Do seu Lado”.
E, se ainda nem passou o Carnaval, Alvim já está de olho em 2019. “Está na gaveta dos sonhos a gravação de um DVD com os desfiles, talvez passando pelas três cidades. Mas é um projeto que, quem sabe, a gente consiga realizar no ano que vem”.
Ensaio aberto da bateria do Monobloco
Distrital (rua Opala, s/nº, Mercado do Cruzeiro). Dia 17 (quarta-feira), às 20h. A partir de R$ 20.