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Com o recesso do Congresso Nacional até fevereiro, quando está previsto o início do debate da reforma no plenário da Câmara, muitos parlamentares estão se movimentando em seus estados para angariar os votos necessários para aprovar a proposta. A estratégia envolve encontro com governadores, prefeitos e outras autoridades locais com o objetivo de aproximar o debate da reforma das bases eleitorais dos deputados.
Em Brasília, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, tem se reunido desde o início do ano com vários parlamentares para definir as próximas estratégias de articulação em busca dos votos para aprovar a reforma. Responsável pela articulação política do governo, Marun disse à Agência Brasil que a reforma da Previdência “está em todos os diálogos” da agenda da equipe de governo e o clima em torno da reforma tem melhorado e se tornado mais “favorável”.
Por se tratar de uma emenda constitucional, são necessários pelo menos 308 votos favoráveis entre os 513 deputados para ser aprovada, em dois turnos. Desde o fim do ano passado, os principais articuladores da base governista tem evitado comentar o número atual de votos já conquistados em prol das mudanças na Previdência. Segundo líderes governistas, a contabilidade dos votos deve ser fechada com mais precisão no início de fevereiro, quando as lideranças já estarão em contato mais direto com as bancadas.
Grau de investimento
Na visão dos líderes governistas, a redução da nota de crédito do Brasil por uma agência internacional de classificação de risco gerou um “impacto preliminar” na motivação dos parlamentares. “Isso melhora na narrativa para nós que defendemos [a aprovação da reforma”, disse o líder da maioria na Câmara, Lelo Coimbra (PMDB-ES), que completa: “agora é torcer pra gente reunir a tropa, né? Não é tropa de choque, é tropa de convencimento”.
O presidente Rodrigo Maia também acredita que a avaliação negativa do país pode contribuir para convencer os parlamentares. Já para o ministro Marun, a notícia do rebaixamento do grau de investimento do Brasil ajuda na conscientização da sociedade e consequentemente dos parlamentares, mas “a notícia em si não vai trazer votos”.
“A consciência de que nós temos que reformar a Previdência já é consolidada. Claro que eu vejo a notícia do rebaixamento como ruim, porque não deixa de corroborar o que nós estamos afirmando: que o Brasil precisa reformar sua Previdência pra ter a perspectiva de um futuro de menos incerteza e de mínima prosperidade”, disse Marun.
O ministro disse que esta semana ainda não deve ter nenhuma grande reunião em Brasília sobre o assunto, pois ele e outros articuladores, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estarão fora da capital.
Marun foi convidado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para participar de um evento na terça-feira (16), na capital paulista, para falar sobre a situação macroeconômica do Brasil. O evento é organizado por um grupo de profissionais favoráveis às mudanças na legislação previdenciária e deve contar com a participação de vários líderes governistas.
Rodrigo Maia embarcou neste sábado (13) para os Estados Unidos, onde tem extensa agenda marcada com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterrez, empresários e parlamentares norte-americanos. Maia viajou com outros quatro deputados e voltará para o Brasil na sexta-feira (19).