O pontífice lembrou que no aeródromo de Maquehue, onde se celebra a missa, “tiveram lugar graves violações de direitos humanos”. No local, funcionou um centro de detenção e tortura durante os anos da ditadura de Augusto Pinochet.
Algumas organizações de direitos humanos pediram que a celebração conduzida pelo Papa não fosse realizada no aeródromo, por causa das lembranças negativas que o lugar evoca.
O Papa começou a homilia falando em mapudungun, a lingua do povo original: “Mari, Mari” (Bom dia) e “Küme tünngün ta niemün” (a paz esteja com vocês), disse.
Diante de dezenas de milhares de pessoas, agradeceu por ter visitado a região da Araucanía, elogiou sua beleza e cumprimentou “de maneira especial os membros do povo mapuche, assim como também os demais povos originais que vivem nessas terras austrais”.
Temuco é o coração da terra dos mapuches, a etnia mais importante do Chile, que denuncia discriminação e abusos e reivindica a restituição de territórios ancestrais hoje em mãos privadas.
Francisco também se posicionou contra o uso da violência na luta pelo reconhecimento dos povos. “É imprescindível reconhecer que uma cultura do reconhecimento mútuo não pode se constituir com base na violência e na destruição que acaba cobrando vidas humanas”, afirmou, acrescentando que “não se pode pedir o reconhecimento aniquilando o outro, porque isso o único que desperta é mais violência e divisão”.
“É imprescindível reconhecer que uma cultura do reconhecimento mútuo não pode se constituir com base na violência e na destruição que acaba cobrando vidas humanas”, disse o Papa.
Na madrugada desta quarta-feira (17), ataques com artefatos incendiários a templos católicos e a três helicópteros de empresas florestais foram registrados na região de Araucanía, onde fica Temuco, horas antes da visita de Francisco. Um dos conflitos deixou um policial ferido a bala, informa a agência EFE citando a polícia.
A “missa da integração dos povos” em Temuco reuniu uma multidão. Desde a madrugada, milhares de fiéis iniciaram a vigília no local, depois de percorreram mais de três quilômetros a pé.
Envoltos em mantas, ou em sacos de dormir, com gorros e parcas para suportar o frio do sul do Chile, os peregrinos aguardavam por horas a missa que oficiará o papa Francisco, o segundo pontífice que visita esta cidade depois de João Paulo II em 1987.