Ruas e estradas inundadas, navegação proibida, museus sob vigilância, moradores com os pés na água. O nível do rio Sena continuava a subir nesta quinta-feira (25) na região parisiense, uma inundação lenta que perturba a capital há vários dias.
Em Villeneuve-Saint-Georges, subúrbio sudeste de Paris, o Yerres transbordava nesta quinta em um bairro particularmente afetado. Os moradores se deslocavam de barco nas ruas onde os carros estavam parcialmente submersos.
“Após as inundações de 2016, foram necessários quase dois anos de obras. Acabamos de terminar. Agora teremos de começar de novo”, lamenta Akca, de 31 anos, embora a água na rua ainda não tenha a sua casa. Um pouco mais abaixo, o porão de Carlos, de 21 anos, já está “completamente cheio, virou uma piscina”.
Quatorze departamentos do nordeste da França estavam nesta quinta-feira em alerta de inundação, principalmente em torno da bacia do Sena e do Saône, os dois rios sob vigilância das autoridades.
A chuva voltou, mas de forma moderada e não deve mudar as previsões de inundação do Sena, de acordo com Vigicrues.
“Esperamos um aumento máximo do nível da água este fim de semana, com uma altura entre 5,80 m e 6,20 m”, indicou Bruno Janet, especialista em monitoramento de inundações. Um nível comparável ao dilúvio de junho de 2016 (6,10 m), mas muito longe do histórico de 1910 (8,63 m).
Esta manhã, o nível do Sena chegava a 5,44 m em Pont d’Austerlitz.
Uma linha da Rede Regional Express (RER) que atravessa a capital francesa, fechada desde quarta-feira, permanecerá inoperante pelo menos até 31 de janeiro. Outras estações de metrô poderiam ser fechadas, enquanto os museus do Louvre e d’Orsay tomaram precauções para proteger as obras.
Os proprietários das embarcações ancoradas nas docas estão preocupados. “Estamos observando o barco para garantir que permaneça no leito do rio. O principal risco é que se aproxime do cais”, explica Eric Merour, gerente de um barco-restaurante.
Diante do aumento da água, a operadora Vias Navegáveis da França proibiu a navegação em certos rios, incluindo todo o Sena.
É “provável que o nível do Sena permaneça alto por vários dias na próxima semana”, indicou Marc Mortureux, diretor para a prevenção de riscos do ministério da Transição Ecológica.
Outro ponto de atenção: o Saône (leste), que vê chegar a cheia do rio Doubs, colocado na segunda-feira sob vigilância vermelha. “Classicamente, cidades como Chalon-sur-Saone serão parcialmente inundadas”, disse Mortureux.
Este trimestre de dezembro a janeiro tem sido o mais chuvosos desde o início das medições em 1900, de acordo com a Météo-France.
Novas precipitações são esperadas nesta quinta-feira especialmente no maciço central, mas principalmente sob a forma de neve.