Mais de uma centena de pessoas em todo o país já perderam a vida em decorrência da febre amarela no segundo surto sucessivo da doença, cujo ciclo foi iniciado em julho do ano passado. São Paulo lidera a quantidade de óbitos, com 52 vítimas, seguido por Minas, com 39 casos fatais, Rio de Janeiro (9) e Distrito Federal (1). Às vésperas da maior festa popular do Brasil, quem vai viajar para áreas onde há recomendação permanente ou temporária de vacinação tem até hoje para se imunizar e dar tempo para que a vacina produza efeitos com segurança. Até a sexta-feira antes do carnaval serão exatos 10 dias, tempo necessário para que o organismo produza anticorpos contra a enfermidade. Em Belo Horizonte, o Serviço de Atenção ao Viajante está lotado de pessoas em busca da vacina ou do cartão com validade internacional, reconhecendo que a dose está em dia.
Em Minas, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulgou ontem boletim epidemiológico com 36 óbitos, que começaram a ser registrados em dezembro. Outros três que não constam na lista oficial da pasta foram confirmados pelas prefeituras de Belo Vale e de Barbacena, na Região Central, e pelo Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, elevando para pelo menos 39 a quantidade de pacientes com quadros fatais confirmados.
Dos diagnósticos ainda não lançados na lista oficial do estado, o primeiro é de um homem de mais de 80 anos, da zona rural de Belo Vale, que morreu ontem e estava internado desde a sexta-feira no Hospital Eduardo de Menezes, no Barreiro, em BH. Já em Barbacena, o óbito foi confirmado na página do Facebook da prefeitura, na qual o secretário municipal de Saúde e Programas Sociais, José Orleans da Costa, divulgou nota oficial informando sobre a morte de um morador do Bairro de Fátima de 42 anos, funcionário da Colônia Rodrigo Silva, na quinta-feira passada. De acordo com o documento, o diagnóstico foi confirmado pela Fundação Ezequiel Dias, responsável pelas análises. Já em BH, o Hospital Felício Rocho emitiu nota confirmando a morte por febre amarela de um paciente do sexo masculino de 53 anos, no domingo.
Minas tem ainda 208 casos sob investigação. Mariana, na Região Central, é a cidade com maior número de diagnósticos confirmados de febre amarela, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado ontem pela Saúde estadual. São 14 pacientes infectados, sendo que quatro morreram. Já Nova Lima, na Região Metropolitana de BH, lidera em número de óbitos: seis, de um total de 11 pessoas com diagnóstico positivo para a doença.
Presidente Bernardes (uma morte), na Zona da Mata, e São Thomé das Letras (uma morte e um paciente internado), no Sul de Minas, passaram a integrar a lista. Contagem, na Grande BH, tem um paciente internado com febre amarela e também aparece pela primeira vez no boletim, assim como Raposos, onde foi registrada uma morte. Segundo o estado, do total de pacientes com febre amarela, 77 são homens. As vítimas, que tinham entre 15 e 88 anos, não se vacinaram, conforme a pasta. A letalidade em território mineiro chega a 44,4% dos casos.
Já o estado de São Paulo tem 134 casos confirmados, sendo que 52 resultaram em mortes. No Rio de Janeiro, são 36 casos suspeitos, sendo 30 confirmados, três descartados e três em investigação. Entre os pacientes com diagnóstico positivo para a doença, nove morreram.
VIAGEM O surto no país aumenta o alerta entre pessoas que vão viajar para áreas endêmicas. No Serviço de Atenção ao Viajante, na Savassi, Região Centro-Sul de BH, tem sido grande a movimentação, não só de quem vai partir rumo a países que exigem a certificação internacional da vacina como daqueles que precisam se imunizar. São 140 senhas diárias para os dois serviços e a prioridade é dada a quem vai seguir para região com recomendação de imunização e ainda não recebeu nenhuma dose – desde que apresente passagem comprovando a necessidade.
São 60 senhas para o período da manhã e 80 para o da tarde. Com o acesso limitado, tem gente chegando cedo para ser vacinado. A cozinheira Ivonete de Oliveira, de 52 anos, chegou ontem às 11h para conseguir atendimento, que começaria às 13h, para a filha, que vai viajar para a Bolívia. “Abriu às 9h e as senhas começaram a ser entregues às 9h30. Acabaram em 20 minutos. Muita gente que veio de manhã e não conseguiu senha ficou na fila para ser atendido à tarde”, disse. A estudante Ângela Gil, de 19, chegou às 11h20 e saiu com o cartão atualizado em mãos às 14h35. Ela vai fazer um cruzeiro pelas Bahamas e Jamaica. “Lá dentro é muito rápido, mas o problema é que aqui fora as pessoas se amontoam”, disse.
Previna-se
É
… o dia de se vacinar com segurança para pessoas que vão viajar para áreas de risco no carnaval. Até a sexta-feira véspera do recesso, terão se passado 10 dias, prazo necessário para que o corpo produza anticorpos contra o vírus da febre amarela
Quem deve se vacinar
» Quem vive em áreas com recomendação, mesmo que temporária, de imunização contra febre amarela, bem como aqueles que vão viajar para essas áreas. Uma dose garante proteção para o resto da vida
» A vacina deve ser administrada pelo menos 10 dias antes da viagem
» Em casos de viagens internacionais, é preciso verificar se o país de destino exige o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia. Nesse caso, procure um posto de vacinação e apresente o comprovante de viagem para tomar a dose e pedir a emissão
do certificado
» Para casos em que a vacinação ou a profilaxia for contraindicada, o viajante deverá apresentar um Atestado Médico de Isenção de Vacinação, escrito em inglês ou francês
» O viajante que mora em área sem recomendação e vai viajar para área também sem recomendação não precisa se vacinar. Contudo, é fundamental que todos os brasileiros mantenham as vacinas atualizadas, de acordo com o calendário do Programa Nacional de Imunizações. (Fonte: Ministério da Saúde)