A oposição da Venezuela enfrenta nesta quinta-feira (8) uma nova encruzilhada tendo que decidir se participa ou não da eleição presidencial que acontecerá em abril, vista por críticos dentro e fora do país como um processo sem transparência.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou na noite passada que a votação acontecerá no dia 22 de abril, quando o presidente Nicolás Maduro disputará novo mandato de seis anos.
Fragmentada e com seus principais líderes impedidos –por decisões judiciais e administrativas– de concorrerem a qualquer cargo de eleição popular, a oposição deverá anunciar se irá às urnas ou se ficará de fora, como já fez no passado em eleições regionais.
A decisão será debatida nesta tarde, disse o líder da oposição Julio Borges.
“Estamos conversando… para que possamos responder ao país”, acrescentou Borges, em entrevista a uma rádio.
Oferecer “um caminho muito claro frente a um governo que, acreditem, está muito, muito frágil”, afirmou o opositor, ao referir-se ao novo movimento criado por Maduro que, segundo ele, esquece a figura do falecido líder Hugo Chávez.
Oposição quer garantias
A data anunciada pela presidente do CNE, Tibisay Lucena, é a que foi planejada no documento que o governo assegura ter surgido da mesa de diálogo com a oposição na República Dominicana, mas a oposição recusa por considerá-lo insuficiente.
O antichavismo buscava nas conversas, entre outras coisas, “melhoras” e “garantias” para as eleições, das quais ainda não decidiu se participará.
Como parte dessas garantias, a oposição pedia uma “observação eleitoral internacional independente” e que as eleições fossem realizadas durante o segundo semestre. Também pediam a habilitação política do ex-candidato à presidência Henrique Capriles e do dirigente em prisão domiciliar Leopoldo López.
O diálogo entre o governo e a oposição terminou nesta quarta sem um acordo e, segundo declarações do presidente dominicano, Danilo Medina, que auxilia essas conversas, entrou em “recesso indefinido”.
EUA condenam falta de garantias
Os Estados Unidos condenaram nesta terça o que disse ser uma decisão das autoridades venezuelanas para proceder com uma eleição presidencial sem garantias para garantir que sejam livres e justas.
“Os Estados Unidos denunciam a decisão do Conselho Eleitoral da Venezuela para avançar unilateralmente com as eleições presidenciais sem garantias para garantir eleições livres, justas e validadas internacionalmente”, diz um comunicado do Departamento de Estado.
“Apoiamos a decisão dos partidos opositores de rejeitar os termos do regi e para eleições que não sejam livres e justas”, acrescenta a nota.