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Tem de ser uma grande honra para todos os membros vivos dos Joy Division sermos muito mais populares hoje do que a 25 de janeiro de 1978″(Peter Hook, Baixista e cofundador dos Joy Division)
A 25 de janeiro de 1978, o quarteto até ali conhecido como Warsaw subiu pela primeira vez a um palco sob a designação Joy division. Foi na mítica sala de Manchester, no norte de Inglaterra, conhecida como Pips Disco, mas o cartaz ainda referia o nome antigo do grupo.
A euronews falou desta noite histórica em exclusivo com o baixista fundador do grupo e autor da biografia “Unknown Pleasures, Por Dentro dos Joy Division” (It books, 2013).
“Lembro-me muito bem desse concerto. Tivemos muitos problemas com o nome do grupo no final de 1977. Havia outro grupo em Londres chamado Warsaw Pakt e isso obrigou-nos a mudar o nosso nome.
O Ian Curtis andava a ler um livro chamado ‘Casa das Bonecas’ [nr.: de Ka-tzetnik, editado pela Simon & Schuster, em 1955] e escolheu o nome daí: Joy Division”, contou-nos Peter Hook.
O baixista disse que o grupo estava “marcado para tocar no Pips Disco como Warsaw” e porque tiveram “de mudar o nome à última da hora para joy Division”, não conseguiram evitar uma frava afluência de público à sala. Ainda assim, não faltou ambiente.
“A maioria das pessoas que estavam no concerto naquela noite era composta por amigos nossos. E porque os nossos amigos tinham um caráter, digamos, especial, acabou tudo numa grande pancadaria. O próprio Ian Curtis acabou por ser posto na rua por ter pontapeado alguns cacos de vidro que estavam no chão. O porteiro, que também era o segurança, exagerou um bocado e expulsou-o. Tivemos de implorar para voltarem a deixar o Ian entrar. Quando chegou a hora de subir ao palco, estávamos muito nervosos e até, digamos, um pouco em choque”, recordou o baixista.
O grupo viria a conseguir acabar o alinhamento previsto, o que, pelos registos encontrados pela internet, terá incluído os temas “Leaders of Men”, “Warsaw”, “Failures (Of the Modern Man)”, “Reaction”, “Inside the Line”, “Ice Age”, “Day of the Lords” and “Novelty.”
[ Escute aqui uma “playlist” do melhor dos Joy division publicada pela Rhino no Spotify ]
Na altura, os Joy Division ainda não tinham qualquer disco gravado. Eram ainda uma banda desconhecida e a competir com diversas outras, como os também míticos The Fall, pelos palcos disponíveis em Manchester para poderem tocar.
https://twitter.com/NME/status/956429069335318528
Peter Hook sublinhou mesmo a admiração gerada pelo facto de “um grupo com apenas três anos de existência, dos quais apenas durante seis meses foi profissional” ter ainda tanto sucesso e poder ombrear com outras referências da história da música como os The Doors, Iggy & the Stooges ou os Sex Pistols.
Hoje em dia, de fato, tudo é diferente do que se passava em 1978 em torno dos Joy division.
O grupo tornou-se numa referência na ponte entre o Punk de meados da década de 70 do século XX e o surgimento da música eletrónica mais “mainstream” na década seguinte e continua a ganhar fãs entre gerações nascidas já no novo milénio.
Há cerca de oito anos, Peter Hook juntou um coletivo chamado The Light e fez regressar ao palco as músicas dos Joy Division, algo que os New Order, a banda em que se tornou o grupo após o suicídio de Ian Curtis a 18 de maio de 1980, nunca haviam feito. O sucesso e a celebração do mito continua.
“Esperamos poder dar continuidade a isto. Tem de ser uma grande honra para todos os membros vivos dos Joy Division ainda sermos populares ou, antes, que sejamos muito mais populares hoje do que éramos a 25 de janeiro de 1978 quando tocámos no Pips”, conclui Peter Hook.
Peter Hook & the Light já atuaram várias vezes em Portugal e no Brasil, reinterpretando as músicas dos Joy Division e mais recentemente juntando também os temas dos primeiros álbuns dos New Order.
https://youtu.be/tyTtC5hmQDQ
Este ano, vão andar em digressão pelos Estados Unidos e de novo com um concerto marcado para 18 de maio, desta feita, em Los Angeles. ´”É uma forma de continuar a homenagear o Ian”, explicou-nos.
Em junho regressam aos palcos britânicos e em setembro Peter & the Light tocam também na Alemanha. Outras datas em território europeu poderão estar na calha para um espetáculo previsto para uma duração a rondar as três horas.(EuroNews)