Exaltação do direito ao prazer para as mulheres, defesa dos LGBT’S, respeito às garotas de programa e, claro, muito brilho! Assim, ainda na madrugada, os foliões se juntaram aos carros de som e à bateria do Então, Brilha!, na Rua dos Guaicurus, no Centro de Belo Horizonte, para abrir a festa de Momo neste sábado.
Antes das 5h, o rosa e o dourado começaram a colorir a região. Aos poucos, as cores se espalharam pelo Centro. Com a dificuldade dos carros e ônibus em acessar o Centro de BH por causa do fechamento do Viaduto Leste, muitos foliões não se importaram com a distância e foram a pé até a concentração do bloco.
Enquanto a festa era preparada na Rua Guaicurus, o Estrela da Manhã, trio do bloco, fazia os últimos ajustes na Avenida do Contorno. E de lá, do alto do trio elétrico, Di Souza, um dos organizadores do bloco, destacou o empenho e as dificuldades para o desfile desta manhã. Emocionado, ele abriu a festa e avisou a multidão: “Gente é para brilhar!”
E como brilhou!
O bloco começou o desfile antes das 7h e o cortejo foi anunciado com fumaças, amarela e rosa, em meio ao canto animado e emocionado do hino do Então, Brilha!. “Um raio de luz abriu um clarão, estrela da manhã me dê a mão,” cantavam a plenos pulmões.
Em meio aos cantos e gritos de carnaval, uma voz ainda mais forte se sobressaiu à avenida: Não, é não! A mensagem, onipresente em todos os blocos da folia até então, representa o pedido de respeito às mulheres, em relação ao assédio.
O potente grito feminino entoou ainda mais forte, quando a Cantora Michelle Andreazzi, do alto do trio elétrico, separou as sílabas de cli-tó-ris e pediu que a multidão repetisse com ela, reafirmando o direito das mulheres ao prazer sexual.
Por outro lado, mas também em pedido de respeito, a bateria do Então, Brilha! se vestiu com as cores do arco-íris e da bandeira LGBT. No segundo discurso em forte tom político do desfile, a explicação sobre a bateria vir novamente nas cores do arco-íris e não nas cores do bloco (rosa e amarelo): “Cadê as bicha?”, perguntou o vocalista Rubens Aredes.
Em quase cinco horas de cortejo, o bloco se dispersou na Praça da Estação. Os foliões, inimigos do fim, e com fantasias que foram desde a “Barbie do Oiapoque” até os “banhistas”, seguiram na folia na Praça Rui Barbosa, do outro lado da Avenida dos Andradas.