A maior briga acionária da história econômica de Minas Gerais chega ao fim. A Ternium Techint e a Nippon Steel, principais acionistas da Usiminas, firmaram acordo para enterrar as ações judiciais movidas por ambas as partes e viabilizar a escolha de CEO’s presidentes do Conselho de Administração, bem como diretoria.
A disputa, travada há três anos, teve reflexos no desempenho da siderúrgica, que fechou no vermelho no ano passado, com prejuízo de R$ 577 milhões. A resolução do conflito pode turbinar a retomada auferida pela empresa. Ontem, a Usiminas divulgou balanço do quarto trimestre e fechamento do ano. Teve lucro líquido de R$ 315 milhões em 2017, mesmo o último trimestre tendo sido de resultado inferior ao anterior, com prejuízo líquido de R$ 45 milhões.
“O dia 8 de fevereiro ficará na história da Usiminas”, comemorou o presidente da Usiminas, Sérgio Leite, referindo-se à data da assinatura do acordo de governança entre os japoneses da Nippon e os ítalo-argentinos da Ternium. “Esse acordo é bom para todos os lados. É equilibrado. O impacto será muito positivo”, completou Leite.
As demandas de ambos os conglomerados foram atendidas.
A Nippon queria alternância de poder.
A Ternium até aceitava, desde que fosse acordada uma cláusula de saída, que obriga a venda de ações de uma das partes em caso de extremo litígio.
O acordo prevê a alternância nas indicações por períodos de quatro anos – sendo dois períodos consecutivos de dois anos cada um. Em abril deste ano, o indicado será Sérgio Leite, nome da Ternium, com a concordância da Nippon. Ele poderá ficar mais quatro anos no comando do siderúrgica.
A Nippon indicará o presidente do Conselho de Administração. Ruy Hirschheimer deve ocupar o cargo.
Ainda em relação à alternância das indicações, a regra também valerá para a diretoria – três nomes serão indicados por cada sócio, a cada quatro anos. Nessa primeira rodada, os nomes já foram selecionados.
Em relatório enviado ao mercado, o BTG Pactual disse que o acordo é uma notícia positiva para a empresa e que tira pressão das ações da Usiminas no curto prazo. Na opinião dos analistas que assinam o documento, a administração da siderúrgica tem feito um bom trabalho, melhorando o desempenho das operações.
Agora o conselho estará mais unido, o que diminui o risco do investimento.
Cenário
Passada a tempestade, o presidente Sérgio Leite espera que o reaquecimento do mercado interno possa impulsionar as vendas de aços planos em cerca de 6% em 2018, índice auferido pelo Instituto Aço Brasil. %. “Nossas vendas vão acompanhar esse crescimento do mercado de aços planos.”
Na esteira do reaquecimento da demanda, a Usiminas pretende reabrir em abril o alto-forno 1, em Ipatinga (Vale do Aço), desligado em meio à recessão e à disputa acionária. Serão mais 120 empregos gerados com a volta do equipamento.
(*)Com Agência Estado