Se animação de Carnaval for medida por blocos de rua, o de Belo Horizonte já está entre os melhores do País. Nada mal para a população de uma cidade que, oito anos atrás, era fornecedora de foliões para outras capitais e interior do Estado. Somente neste domingo (11), estão previstos os desfiles de 75 blocos. Nesta segunda, serão mais 40 blocos saindo às ruas, conforme a programação oficial da prefeitura. Ao todo são 480 blocos. São Paulo, com cinco vezes mais moradores que Belo Horizonte, e onde o Carnaval de rua também se consolida, tem cerca de 600.
O Carnaval na cidade começa bem cedo. Há concentrações que começaram às 5h30, como a do “Então Brilha”, um dos maiores de Belo Horizonte, que saiu no sábado, no centro da capital. Outro bloco, o “Todo Mundo Cabe do Mundo”, saiu neste domingo, na Região Centro-Sul da cidade.
Uma das folias era a psicóloga Ana Resende, de 31 anos. Grávida e com o pé quebrado, a moça contou com a ajuda de amigos para chegar ao bloco. “Por causa da fratura, não consigo ir a todos os blocos. Tenho que escolher um ou outro”, disse Ana, sentada em um pequeno banco trazido de casa.
A concentração do “Então, Brilha” aconteceu no Centro, em área da chamada “zona boêmia” da capital. Não houve divulgação da estimativa de público, pela PM, ou Belotur, a estatal municipal organizadora do Carnaval belorizontino. A visão, no entanto, era de um mar de gente.
Entre os milhares de foliões do “Então, Brilha” estava o funcionário público Wederson Santos, de 34 anos, morador de Brasília. Veio para Belo Horizonte com mais sete pessoas. No bloco, usou uma camiseta que brincava sobre a eleição para presidente da República, em outubro. Com quadrinhos para assinalar, ao lado dos nomes de Jair Bolsonaro, Luciano Huck, Aécio “Never”, Batman e Anitta, ficou com a cantora. “É a única coisa que tem dado certo no País”, ironizou. Ainda no tom político da apresentação, uma enorme faixa foi colocada em passarela sobre o trajeto do trio elétrico, em que se lia: “Carnaval sem Lula é fraude” e “Moro juiz imoral parcial”.
O secretário municipal de Cultura de Belo Horizonte, o baiano Juca Ferreira, que participou da administração de Fernando Haddad como prefeito de São Paulo, afirma que a receita para um Carnaval de rua de sucesso é a profissionalização de tudo o que envolve a festa. “Setores de limpeza, saúde, segurança e mobilidade precisam funcionar bem”, diz. “As pessoas na vida precisam se divertir, e não apenas voltar à noite para casa e repor força produtiva”, acrescenta o secretário.
Para Juca Ferreira, que assumiu o cargo na Prefeitura de Belo Horizonte em junho do ano passado, a capital mineira é uma das cidades do Brasil que participam do momento de cristalização do Carnaval do País, com blocos. O secretário diz ainda que a tendência da festa na capital mineira é crescer ainda mais. “O Carnaval daqui será um dos maiores, junto com os que já são conhecidos. Não ainda não chegamos ao ápice”, disse. A expectativa da Belotur é que 3,6 milhões de pessoas participem do Carnaval de Belo Horizonte em 2018, entre moradores e turistas. No ano passado, o total foi de 3 milhões de pessoas.