O Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, confirmou nesta terça-feira (13) que exigiu a renúncia do presidente Jacob Zuma, sem, contudo, definir uma data para o cumprimento desta decisão.
Há semanas, o ANC está dividido sobre o destino de Zuma, atingido por vários escândalos de corrupção. O Conselho Nacional Executivo (NEC, órgão do partido) esteve reunido na segunda-feira (12) por mais de 13 horas discutindo a questão e, segundo a TV estatal, havia dado um prazo de 48 horas para ele renunciar.
Ace Magashule, secretário-geral do ANC, confirmou que o partido requereu formalmente a renúncia de Zuma, após “discussões exaustivas”. Magashule disse que as conversas entre Zuma e membros do partido continuam em andamento.
Ele afirmou que comunicou a decisão a Zuma nesta terça e que não deu a ele um prazo para responder. Disse ainda que acredita que o presidente vai acatar a decisão e que é “óbvio” que o partido quer que o vice-presidente do país, Cyril Ramaphosa, o substitua no cargo.
Crise política
O ANC passa por uma crise política gerada pelas negociações sobre a saída do presidente sul-africano da liderança do partido, anunciada em dezembro. O partido, que venceu todas as eleições presidenciais desde o início do período democrático em 1994, elegeu Cyril Ramaphosa para substituí-lo na liderança.
Os partidários de Ramaphosa querem que Zuma deixe o quanto antes o poder visando as eleições gerais de 2019. Já os seguidores de Zuma insistem para que ele termine seu segundo mandato, antes das eleições.
As regras internas do partido estabelecem que todos os membros da sigla, incluindo os cargos eleitos, devem submeter-se à vontade dele; no entanto, se Zuma se negar a deixar seu cargo, a única via possível seria uma moção de censura parlamentar.
Zuma é alvo de mais de 800 acusações por corrupção relativa a contratos de armas do final dos anos 1990 e também é investigado por supostamente ter usado o Estado para favorecer empresários vinculados com concessões públicas milionárias.