Os adolescentes usuários da política de assistência social de Itabira contarão com um programa que tem o objetivo de garantir a ampliação de oportunidades no mercado de trabalho.
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Elaborado seguindo o mesmo modelo do programa do Governo Federal Jovem Aprendiz (criado a partir da Lei 10.097/00 com o objetivo de que as empresas desenvolvam programas de aprendizagem que visam a capacitação profissional de adolescentes e jovens em todo o país), o Aprendiz Social tem a finalidade de inserir adolescentes e jovens atendidos pela política de assistência social do Município no mercado de trabalho.
“Tal iniciativa surge para a consolidação de avanços com a legitimidade de conquistas para o público jovem de nossa cidade. Acreditamos que possibilitar o trabalho de maneira regularizada, nos padrões de jovem aprendiz, viabiliza aos assistidos pelo programa um contato com a nova realidade permeada de responsabilidade e compromissos necessários em seu processo de formação”, explicou em sua palestra a superintendente de Proteção Social da SMAS, Fabiana Quintão de Sá.
Ela destacou que a união de esforços de toda a sociedade é necessária para a consolidação do programa. “Contamos com a sensibilização dos empresários do município. Juntos, Poder Público, Poder Judiciário, Ministério Público e sociedade em geral, poderemos desenhar um novo cenário, de grandes oportunidades e grandes conquistas para estes jovens”.
Após a palestra, Fabiana Sá apresentou também o selo e o certificado Aprendiz Social que serão entregues às empresas que aderirem ao programa. Logo, a representante da Rede Cidadã, Cristiane Loureiro, e o representante do Senac, Igor Costa, explicaram a importância de programas como este para jovens em vulnerabilidade social. A adolescente aprendiz Amanda Souza contou sua trajetória: com apenas um mês de experiência no trabalho, ela mudou toda sua história de vida. Escritora, a jovem lançará um livro neste sábado (24), na livraria Clube da Leitura.
Em seu discurso, o prefeito Ronaldo Lage Magalhães destacou que, hoje em dia, um dos grandes desafios da assistência social é a economia do país que produz um grande número de desempregados. “Precisamos mudar o Brasil, mas primeiro precisamos fazer nossa parte aqui. Somos responsáveis pela cidade, não só o prefeito e sua equipe, mas cada cidadão. Precisamos ajudar a abrir as portas para um, dois, três. Um a um já soma”, disse.
Para ajudar diretamente no programa, Ronaldo Magalhães assegurou que o Município, bem como a administração indireta (FCCDA, Saae e Itaurb), contratará os jovens assistidos pela SMAS. “A Prefeitura vai dar o exemplo. Cada empresário também pode ajudar um pouco, porque tem muita gente boa. Muitos foram para área socioeducativa e saíram de lá com a cabeça um pouco diferente. É trabalhando que eles vão aprender a buscar um novo caminho. Quando era adolescente, trabalhei lá em Santa Maria, com comerciantes, isso me deu um caminho familiar, de aprendizado, e principalmente, de buscar o melhor para o futuro. Então, com trabalho e ajuda de todos podemos alcançar nossos objetivos”, declarou o prefeito.
O promotor de Justiça da Infância e Juventude, Renato Ângelo Ferreira, parabenizou a ação da Prefeitura e esclareceu que, atualmente, o poder público não consegue realizar sozinho todas as atividades sociais necessárias para o bem comum. Ele acrescentou que a responsabilidade com a infância e a juventude é de toda a sociedade.
“Cheguei em Itabira em 2015 e desde então estamos conhecendo um pouco da realidade local. Percebemos que a falta de perspectiva profissional afeta a vida local. Ela realmente empaca a nossa realidade. E isso está além da questão empresarial, da responsabilidade da empresa. Tem a ver com a nossa responsabilidade, com cidadania. Este é um projeto superinteressante, que a gente colhe frutos. Então, para além da responsabilidade social, é importante ajudar os outros, e temos retorno. Talvez tenhamos um prejuízo na empresa, ou algum problema, mas se estamos ajudando e fazendo nossa parte, é o que vale.”
Já o juiz da Vara da Infância e Juventude, Valter Guilherme Costa Alves, ressaltou a importância da sociedade voltar seu foco para as pessoas assistidas pela assistência social do município. Ele pediu atenção especial aos adolescentes de baixa renda que, normalmente, não possuem as mesmas oportunidades que jovens de classes sociais mais elevadas.
“Precisamos apresentar a esse jovem grandes exemplos, porque às vezes ele nem conhece o pai, a mãe sai cedo de casa e o exemplo que ele tem é o da comunidade em que vive, onde quem é respeitado é o chefe do tráfico. Precisamos criar exemplos, como a Amanda que vai lançar um livro. Quem sabe ela já não é uma referência na comunidade dela? Precisamos dar a essas pessoas com menos possibilidades, exemplos melhores do que aqueles que convivem no dia a dia”, concluiu.
A Belmont Mineração trabalha há anos com aprendizes e, segundo a gerente de Recursos Humanos da empresa, Fernanda Vieira Costa Santana, muitos deles são contratados no final do processo. “Acreditamos que esse programa é muito importante para os jovens que estão iniciando a carreira. Por meio desta ação, eles têm a oportunidade de adquirir experiência e na Belmont a maioria deles têm sido contratados o que é uma boa oportunidade para eles”, disse.
Representando o Hotel Job, Andreia Madureira Duarte disse acreditar na importância do programa para a construção de uma sociedade mais justa. “Os jovens têm a oportunidade de emprego que, hoje em dia, está tão difícil. Para nós é muito bom trabalhar com pessoas novas, contribuindo para o crescimento pessoal delas. Essa experiência é muito válida”.