Steve Hackett saiu do Genesis há quatro décadas. Diferentemente de outras separações, raramente amigáveis, o guitarrista e compositor ainda mantem com a icônica banda inglesa de rock progressivo, responsável por hits como “Firth of Fifth” e “A Trick of the Tail”, uma forte relação amorosa.
Prova disso é o repertório que Hackett apresentará neste domingo, no Grande Teatro do Palácio das Artes, recheado de canções da época do Genesis. “Minha música tem seu próprio jeito especial, mas continuo a manter o espírito do Genesis”, observa o artista, em entrevista ao Hoje em Dia.
Hackett seguiu carreira solo pouco antes de a banda buscar uma pegada mais pop, a partir de músicas como “Invisible Touch”. Não por acaso, as suas “eleitas” são exatamente aquelas criadas nos sete anos que permaneceu no Genesis. “Eu sempre amei a música que fizemos juntos no Genesis”, sublinha.
Ele destaca que havia “toda uma criatividade que amava, misturando gêneros, indo de sons delicados a todo o rock, muitas vezes envolvendo uma sensação sinfônica”. Depois de sair do grupo, ele lançou “Voyage of the Acolyt”, que muitos críticos definem como um álbum não oficial do Genesis.
“Adoro tocar a música do Genesis e tenho orgulho de ter uma banda talentosa. Sinto que somos capazes de dar uma nova vida àquelas músicas clássicas, permanecendo totalmente fiéis ao espírito original”
Hackett não tem dúvidas de que os seventies foram a última década fértil para boas composições de rock. “Muitas músicas e discos incríveis foram criados durante essa década. Algumas músicas muito boas foram produzidas depois, mas houve uma experimentação menos prolífica do que antes”.
Dos anos 80 em diante, houve, segundo o guitarrista londrino de 68 anos, uma pressão maior por sucessos comerciais. “Eu não me sentia à vontade para seguir essa tendência. E por isso optei por permanecer fiel à minha paixão por uma abordagem multi-gênero da música”, registra.
Hackett é fã de música brasileira. Ele participou de várias gravações de seu conterrâneo Ritchie, cantor radicado no Brasil e que emplacou alguns hits na década de 80. “Adoro os ritmos e o pulso da música brasileira, que continuam influenciando aspectos de minhas próprias composições até hoje”.