Dados apresentados este mês pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), no 1º Informe da Economia Mineral, revelaram uma situação preocupante: enquanto a produção de minério de ferro cresceu de maneira significativa no país, nos últimos anos, o número de empregos no setor não acompanhou os índices na mesma proporção. Em alguns casos, registrou quedas. A exceção é Minas, o Estado com maior produção e empregos no setor.
Segundo a Amig, se levada em conta a série história de 2010 a 2016, por exemplo, no Brasil, a produção do segmento saiu do patamar de 351 milhões de toneladas/ano para mais de 441 milhões de toneladas/ano: 18,2% de elevação. Já o valor das vendas com embarques do mineral subiu 24% no período. A geração de empregos formais no segmento, no entanto, cresceu apenas 4,8% (de 211 mil para 221 mil vagas).
Em Minas, a situação nos últimos seis anos não é tão desigual quanto a nacional, já que o número de empregos no setor aumentou de 45.863, em 2010, para 58.166, em 2016 – variação positiva de 26%. Mas, se observados os últimos cinco anos, o número de demissões é o que chamou a atenção: de 2012 a 2015, o patamar de empregos ficou próximo dos 65 mil, pico do período, mas despencou para os 58 mil registrados em 2016. A redução, no caso, foi de 10% na mão de obra formalmente empregada no segmento.
Prejuízos
Para a economista da Amig, Luciana Mourão, responsável pelo estudo, a produção mineral em maior escala e a diminuição de vagas de trabalho prejudicam diretamente outros setores e o desempenho econômico como um todo.
Segundo ela, com renda menor, a população de cidades mineradoras, dependente diretamente das empresas do setor, conta com menos recursos para consumir e poupar.
“Além disso, esse cenário acarreta impactos sociais. Essas cidades têm como característica um adensamento populacional, já que a existência de grandes empreendimentos atraem centenas de pessoas que buscam encontrar oportunidades de trabalho e melhores condições de vida, e, quando termina o período de implantação ou até mesmo do ciclo de mineração, essa demanda permanece de forma definitiva, o que gera um problema sério nos cofres públicos municipais e na sociedade civil local”, alerta a economista.
Luciana ressalta que a redução na empregabilidade deve-se, principalmente, à evolução na produção mineral no Brasil. “Os sistemas estão cada vez mais automatizados e com soluções de logística que demandam menos força de trabalho humana”, destaca.
O Sindicato das Empresas de Mineração foi procurado, mas não se posicionou.