A montadora alemã Mercedes-Benz anunciou nesta terça-feira (27) que contratará 80 trabalhadores para a fábrica que possui em Juiz de Fora, na região da Zona da Mata mineira. Além do Estado, outras 250 vagas serão abertas em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Conforme a empresa, os novos funcionários vão começar a trabalhar em abril e junho deste ano.
Este é o segundo aumento expressivo no quadro de funcionários da empresa em 2018. No primeiro trimestre, a Mercedez havia contratado 272 para o ABC e 80 para a unidade mineira. Com as contratações anunciadas nesta terça, a Mercedes-Benz passa a ter cerca de 8 mil funcionários em São Bernardo e 860 em Juiz de Fora.
As admissões, no entanto, ainda estão longe de compensar as vagas fechadas durante a crise econômica. Entre 2013 e 2017, a montadora fechou cerca de 5 mil postos de trabalho em suas fábricas no Brasil, a maioria por meio de programas de demissão voluntárias e aposentadorias.
Produção
O aumento da força de trabalho ocorre em um momento de crescimento da venda de caminhões e ônibus, os segmentos mais relevantes para a montadora no mercado brasileiro. Não por acaso, a Mercedes-Benz revisou a sua projeção de vendas. Se no fim do ano passado a empresa falava que a expansão em 2018 seria de 20%, agora acredita em um crescimento de até 30%. No acumulado do ano até fevereiro, as vendas de caminhões cresceram 56% e as de ônibus, 64%.
A empresa, no entanto, entende que o crescimento verificado até então em 2018 é mais cíclico do que estrutural e cobra empenho do governo para seguir adiante com reformas que possam dar mais sustentabilidade à parte fiscal.
“O ano de 2018 vai ser bom, mas o ano de 2019 ainda nos deixa com dúvidas”, disse o presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Philipp Schiemer. “A recuperação que temos hoje é fruto dos juros baixos, que caíram por causa da inflação, que está sob controle. Isso criou um ambiente de negócios muito melhor. Porém, o crescimento só será sustentável se as reformas tiverem continuidade. E hoje, por causa das eleições, as reformas pararam”, explicou.
Diante disso, ele acredita que as eleições deste ano representam um risco. “Esperamos que o próximo governo não feche os olhos para os problemas que existem, que são evidentes. O Brasil está em situação fiscal insustentável, já percebemos isso pelos Estados, e a parte federal é consequência. Se os políticos entendem essa necessidade, teremos futuro muito bom.”
Schiemer também demonstrou preocupação com o Rota 2030, programa do governo que vai criar para o setor automotivo por 15 anos, em substituição ao Inovar-Auto, que expirou no ano passado. Ele acredita que o programa poderá ser lançado ainda neste ano. “A indústria necessita disso, porque queremos saber as regras para o próximo ano”, disse.
O executivo afirmou ainda que as exportações ganharam relevância para a empresa durante a crise. As vendas para o exterior, que em 2014 representavam 10% do negócio da montadora, chegaram a 40% no ano passado. Segundo ele, essa proporção deve cair um pouco em 2018, em razão da recuperação do mercado interno. (Estadão)