Um empresário de Governador Valadares encontrou uma forma diferente de protestar contra a Samarco e a Vale desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana há dois anos. Edertone José da Silva vai enviar tambores com a lama tóxica retirada do fundo do Rio Doce de volta à mineradora.
A medida foi tomada pelo comerciante depois que ele constatou que o material do leito do rio continuava apresentando resíduos tóxicos. Ainda segundo Edertone, a Samarco não vem fazendo a limpeza do rio.
Edertone mandou fazer um rótulo com as marcas da Vale, da Samarco, a classificação de risco de acordo com a ONU e os elementos químicos encontrados na lama. Ele sabe que o que está fazendo é muito pouco diante da quantidade de lama tóxica despejada desde o rompimento da barragem, mas acredita que é uma ação que não poderia deixar de fazer. A Fundação SOS Mata Atlântica afirma que 324 hectares da vegetação foram destruídos com a tragédia.
Outra empresária também proprietária de um areal disse que nos últimos dias a água do Rio Doce tem apresentado uma coloração mais escura que o normal. Ela pediu para não se identificar e especulou que a causa da cor diferente é resultado das chuvas que caíram na região. “A gente não sabe o que causou isso (cor escura da água), mas acreditamos que a chuva forte revirou o fundo do rio e fez com que a lama depositada reaparecesse”.
A venda de areia em seu comércio precisou se diversificar, justamente porque alguns moradores não tem aceitado o material proveniente do Rio Doce. A solução é a compra da areia de outros locais do estado. “Nós retomamos nossas atividades há algum tempo, mas mesmo assim tem algumas pessoas que não querem (a areia do Rio Doce). Por isso precisamos encontrar outro fornecedor para que esses compradores não fiquem sem a areia.
A Fundação Renova, criada pela Vale e BHP Billiton, controladoras da Samarco informou que vem adotando medidas para a retirada de rejeitos do Rio Doce e estima que todo o manejo ao longo do rio vai demorar ainda cinco anos. Sobre a toxicidade do material retirado do fundo do rio, a fundação afirma que os resíduos não são perigosos.
Veja a nota da Fundação Renova sobre o caso:
As soluções para os rejeitos foram contempladas no Plano de Manejo de Rejeito, aprovado em junho de 2017, que dividiu a região impactada em 17 trechos. O plano envolve extensão de 670 quilômetros de cursos d’água entre Fundão e a foz do Rio Doce. Houve o enriquecimento da vegetação e renaturalização do solo em parte desta extensão.
A previsão de entrega do plano do trecho de Governador Valadares é maio deste ano. Todas as ações de manejo de rejeito ao longo da bacia do Rio Doce a previsão é de conclusão em 2023. Dentro do plano manejo de rejeitos, haverá a proposta de remoção dos rejeito quando essa for a alternativa que tiver o menor impacto ambiental e social.
É importante ressaltar que fazer manejo do rejeito não significa necessariamente retirar o produto de onde ele está armazenado. A solução será definida caso a caso. A decisão final para cada trecho tem como princípio as soluções com menor impacto ao meio ambiente e à sociedade em sua implantação. Composto por ferro, manganês e alumínio, o resíduo é resultado da lavagem de rochas do próprio solo.
Todas as análises de solo, rejeito e sedimentos, mostram que os resultados da concentração de metais ficam abaixo dos valores estabelecidos pela legislação de áreas contaminadas. O sedimento foi caracterizado pela norma de resíduos como não perigoso em todas as amostras. (Terra)