Depois
Segundo o tenente Jonas Braga Linke, do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres (Bemad) dos Bombeiros, que chefiou a equipe de busca, a família estava na delegacia de plantão de Betim prestando depoimento, enquanto uma equipe de policiais civis seguiu para o local do desaparecimento, onde recolheria provas. Foi quando houve uma ligação informando que a criança havia aparecido.
“Um policial estava em patrulhamento e disseram que o encontraram. Estava junto de uma cerca, perto de uma lagoa”, explicou o tenente Linke. Miguel teria sido encontrado por três rapazes que moram na vizinhança do local do desaparecimento, com as roupas sujas e sentindo muita sede. Na porta da delegacia, o menino foi entregue nos braços da mãe por um rapaz que estava na área onde a criança foi encontrada e acompanhou o pequeno na viatura da PM.
Após passar pela delegacia, ele e a família seguiram com militares e guardas municipais para o Posto Médico Legal de Betim, onde ele será examinado. “Uma coisa muito positiva foi a pressão popular, o destaque dado na mídia (sobre o caso)”, disse o bombeiro, chamando atenção para o fato de as equipes de busca terem passado mais de uma vez, anteontem e ontem, pelo local onde Miguel reapareceu, sem avistar sinal da criança.
Em nota divulgada no início da noite, a Polícia Civil informou que as investigações continuam para que as circunstâncias do desaparecimento sejam esclarecidas. “Segundo as primeiras informações, fornecidas por testemunhas à Polícia Civil, a criança estava chorando, deitada no chão, em uma mata localizada no mesmo local onde teria sido vista pela última vez”, diz o texto. “As investigações continuam a fim de verificar se ocorreu algum crime enquanto a criança estava desaparecida e as circunstâncias do desaparecimento”, conclui o texto.
Depois de passar por exames, o menino foi levado a um hospital particular de Betim. As primeiras informações dão conta de que Miguel estava bem, mas desidratado e com marcas de picadas de insetos. Os rapazes que o encontraram foram ouvidos pela Polícia Civil e compareceram com policiais ao local, para reconstituir a situação.
O SUMIÇO O pai da criança, o pastor evangélico o pastor Albervan de Jesus, de 43 anos, informou que a família passou a noite de quinta para sexta-feira no local, em oração. Por vota das 11h de sexta, ele foi buscar lenha para a fogueira que os aqueceria por mais uma noite e deixou Miguel e o irmão mais velho sozinhos. O caçula desapareceu nesse intervalo. Ontem, bombeiros, guardas municipais, familiares e voluntários vasculharam mais uma vez a mata, enquanto a polícia investigava pistas que pudessem levar a um possível sequestro ou cárcere privado.
As buscas na mata de 505 mil metros quadrados foram feitas com o apoio de cães farejadores. O espaço tem muitos obstáculos perigosos, pois é ponto de desova de carcaças de carros roubados, de entulho e de lixo descartado clandestinamente. outra parte consiste numa área de mata fechada, com vales profundos e um labirinto de trilhas que se intercalam, levando a acessos vicinais aos bairros Espírito Santo, Niterói, Industrial São Pedro, Dom Bosco e Betim Industrial.
“As buscas foram feitas à exaustão. Hoje (ontem), percorremos lugares muito improváveis de uma criança de 2 anos chegar”, explicou o tenente Jonas Braga Linke. “Passamos o caso para a delegacia. Foi coberto todo o espaço praticamente onde ele chegaria andando por si só e muito além desse limite. Fomos a lugares onde os próprios bombeiros tiveram dificuldade de andar”, disse, ao informar sobre a suspensão das buscas.
Segundo ele, o andamento da operação mostrou que a polícia deveria assumir o caso. “O discurso de pessoas que foram ouvidas não estava batendo entre o que foi dito no início e o que está sendo dito agora.” Para o bombeiro uma sequência de fatos levantada durante as buscas mostrava contradições entre pessoas ouvidas.
O desespero de não saber do paradeiro do filho de 2 anos consumiu a doméstica Elisângela de Oliveira, de 39 anos, e o marido. “Não acho que ele está perdido. Acho que alguém pegou meu filho. E a pessoa que está com ele vai ser incomodada por Deus para trazer ele aqui. Ou deixar ele em algum órgão, na polícia ou no hospital, algum lugar”, disse Elisângela.