A China cumpriu a ameaça e anunciou nesta segunda-feira (2) novas tarifas sobre 128 produtos dos Estados Unidos, de carne suína congelada e vinho a certas frutas e nozes, ampliando a disputa entre as duas maiores economias do mundo em resposta à tarifas norte-americanas sobre as importações de aço e alumínio.
As taxas, que entrarão em vigor nesta segunda-feira (2), foram anunciadas no final de domingo pelo Ministério das Finanças da China e correspondem a uma lista de tarifas potenciais sobre até US$ 3 bilhões de produtos dos EUA publicada pela China em 23 de março.
O contra-ataque acontece após várias semanas de tensões bilaterais, que alimentam os temores de um conflito comercial aberto entre os dois gigantes mundiais.
Pouco depois do anúncio, um editorial no tablóide chinês Global Times alertou que se os EUA imaginavam que a China não retaliaria ou adotaria medidas apenas simbólicas, pode agora “dizer adeus a essa ilusão”.
“Embora a China e os EUA não tenham dito publicamente que estão em uma guerra comercial, as faíscas de tal guerra já começaram a voar”, disse o editorial.
O Ministério do Comércio da China afirmou que estava suspendendo suas obrigações com a Organização Mundial do Comércio (OMC) de reduzir tarifas sobre 120 produtos dos EUA, incluindo frutas e etanol. As tarifas sobre esses produtos serão elevadas em mais 15%.
Oito outros produtos, incluindo carne suína e resíduos de alumínio, estarão sujeitos agora a tarifas adicionais de 25%, completou, com as medidas entrando em vigor a partir de 2 de abril.
“A suspensão pela China de suas concessões tarifárias é uma ação legítima adotada sobre as regras da OMC para proteger os interesses da China”, disse o Ministério das Finanças chinês.
A China está agindo rapidamente com medidas retaliatórias em meio ao aumento das tensões comerciais entre Pequim e Washington, o que afetou os mercados financeiros globais na última semana com os investidores temendo uma disputa comercial em larga escala entre os dois países.
Entenda o caso
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em 22 de março que seu governo iria impor novas tarifas sobre uma série de produtos chineses, aumentando temores de uma guerra comercial entre os dois gigantes econômicos.
Segundo a Reuters, Trump está preparando tarifas de mais de US$ 50 bilhões sobre produtos chineses com a intenção de punir Pequim diante das acusações dos EUA de que a China se apropriou incorretamente de propriedade intelectual norte-americana, alegações que Pequim nega.
Trump sempre menciona o colossal déficit comercial dos Estados Unidos com a China, de US$ 375,2 bilhões em 2017, para justificar as medidas protecionistas.
O presidente americano também acusa Pequim de beneficiar-se do sistema fiscal para as empresas estrangeiras que se instalam na China para roubar as inovações tecnológicas americanas.
A China, em resposta, afirma que os Estados Unidos devem acabar com a “intimidação econômica”, mas até o momento evitara atacar produtos agrícolas importantes, como a soja, ou empresas industriais de grande peso, como a Boeing, setores que podem ser afetados agora pelas novas tarifas.
As tarifas para a importação de aço (25%) e alumínio (10%) foram anunciadas por Trump em nome da “segurança nacional”, argumento que o ministério chinês do Comércio chamou de “abuso” das normas da OMC.
Diante das críticas internacionais à medida de Trump, vários países – da União Europeia, México e Brasil, entre outros – ficaram isentos da nova medida, mas não a China.