O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou na noite de segunda-feira a anulação do acordo com a ONU que previa a regularização de milhares de migrantes africanos em Israel e a reinstalação de um número semelhante em países ocidentais.
O acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) previa a instalação em países ocidentais, nomeadamente o Canadá, a Alemanha e a Itália, de mais de 16 mil imigrantes africanos que se encontram em Israel. Em contrapartida, Israel daria o estatuto de residente temporário a um número semelhante.
Seria assim resolvida a situação de mais de 30 mil africanos em situação ilegal em Israel – em particular eritreus e sudaneses -, que não têm em curso um processo de pedido de asilo e que deveriam ser expulsos do país de acordo com um controverso plano governamental entretanto cancelado.
Quando anunciou que tinha decidido suspender o acordo, Netanyahu afirmou ter prestado atenção às críticas de habitantes de Telavive, onde vive a maioria daqueles imigrantes.
O anúncio do acordo provocou também reacções fortes junto da direita israelita. A ministra da Justiça, Miri Regev, e o ministro da Educação, Naftali Bennett, pronunciaram-se contra o acolhimento de “clandestinos” em Israel.
A oposição, de esquerda, que tinha saudado o acordo, criticou o primeiro-ministro quando o suspendeu.
“Apesar das restrições jurídicas e de crescentes dificuldades, vamos continuar a trabalhar com determinação para fazer sair os clandestinos do país”, adiantou Netanyahu já nesta terça-feira, de acordo com o seu gabinete.
Segundo as autoridades israelitas, vivem actualmente em Israel 42 mil imigrantes africanos. Chegaram na sua maioria a Israel depois de 2007, entrando no país através do Sinai egípcio, e instalaram-se sobretudo nos bairros pobres de Telavive. As mulheres e as crianças não estavam ameaçadas de expulsão pelo plano governamental inicial. (Lusa)