A missão do satélite CryoSat, da Agência Espacial Europeia (ESA), revelou que durante os últimos sete anos a Antártida perdeu uma área de gelo submarino do tamanho da ilha espanhola de Gran Canária, algo em torno de 1,5 mil quilômetros quadrados. A informação é da EFE.
Segundo explicou nesta quarta-feira (4) a ESA em uma nota de imprensa, a perda se deve ao fato de que a água quente do oceano que circula abaixo da borda flutuante do continente antártico está acabando com o gelo fixado no fundo do mar.
A maior parte das geleiras antárticas fluem diretamente para o oceano através de profundos canais submarinos, e o local onde sua base deixa o leito marinho e começa a flutuar é conhecido como linha de apoio em terra.
Estas linhas de apoio em terra costumam estar localizadas a um quilômetro ou mais abaixo do nível do mar e não é possível ter acesso a elas nem sequer com submarinos, por isso que os métodos de detecção remota são extremadamente valiosos, acrescentou a ESA.
Movimento
Agora, um artigo publicado na última edição da revista “Nature Geoscience” descreve a utilização do satélite CryoSat para traçar o movimento das linhas de apoio em terra ao longo de 16 mil quilômetros de litoral da Antártida.
A pesquisa, dirigida por Hannes Konrad, do Centro para a Observação Polar da Universidade de Leeds (Reino Unido), constata que, entre 2010 e 2017, foram derretidos 1.463 quilômetros quadrados de gelo submarino no Oceano Antártico.
Graças ao CryoSat, a equipe seguiu o movimento das linhas de apoio em terra da Antártida, para elaborar o primeiro mapa completo que mostra como esta borda submarina está se separando do leito oceânico.
As maiores mudanças são apreciadas na Antártida Ocidental, onde mais de uma quinta parte do manto de gelo retrocedeu “a uma velocidade maior do que o ritmo da desglaciação desde a última Era de Gelo”.
Segundo Konrad, este estudo demonstra “claramente que está ocorrendo um retrocesso em toda a capa de gelo devido ao desgelo da sua base e não só naqueles pontos que tinham sido cartografados até agora”. Este retrocesso teve um enorme impacto nas geleiras interiores, o que contribui para o aumento global do nível do mar, explica o cientista.
Os pesquisadores demonstraram também que, ainda que o retrocesso da geleira de Thwaites na Antártida Ocidental tenha se acelerado, o da próxima geleira de Pine Island (até agora, um dos que retrocedia a maior velocidade no continente) parou; isto sugere que sua base deixou de derreter.
Estas diferenças apontam a natureza complexa da plataforma de gelo do continente, “por isso que a sua detecção nos ajudará a identificar as áreas em que devemos continuar pesquisando”, segundo o especialista da Universidade de Leeds.