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Pedro Jacobi, professor titular da Faculdade de Educação (FE) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, comentou a iniciativa, que, devido ao sucesso, foi apresentada no Fórum Mundial da Água. O projeto, que atende atualmente 5 mil pessoas na área urbana, deve ser estendido para 45 mil pessoas na zona rural.
Segundo o Jornal da USP, o professor diz que a dessalinização é um processo conhecido há muito tempo, mas é feito, geralmente, com a água do mar. O diferencial que está ocorrendo em Canindé é que o equipamento utilizado para dessalinizar a água salobra é de responsabilidade da própria população. Para o professor, é importante esse formato de cooperativa que traz protagonismo ao cidadão. E a dessalinização da água impulsiona não só a agropecuária, mas reflete também na saúde dos habitantes, que antes consumiam a água sem passar por esse tratamento.
O sociólogo comenta ainda que, em tempos de crise econômica, os recursos encaminhados para esse tipo de política pública são os primeiros a ser cortados. Isso vai na contramão do que devia ser feito, pois se prejudica e/ou protela uma solução absolutamente urgente. Iniciativas como essa estão vinculadas à responsabilidade pública de garantir que a população possa permanecer nos seus locais, tendo condição socioeconômica de ter uma atividade produtiva, reduzindo, assim, o afluxo às metrópoles.
Programa Água Doce de dessalinização da água
O Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil, que visa estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e gestão de sistemas de dessalinização de águas salobras e salinas. Lançado em 2004, o PAD foi concebido e elaborado de forma participativa durante o ano de 2003, unindo a participação social, proteção ambiental, envolvimento institucional e gestão comunitária local.
A partir de 2011, o Programa Água Doce assumiu a meta de aplicar sua metodologia na recuperação, implantação e gestão de 1.200 sistemas de dessalinização até 2018, com investimentos de cerca de R$ 258 milhões, beneficiando, aproximadamente, 500 mil pessoas. Para o atingimento desta meta foram firmados 10 convênios com os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte. Os convênios estão estruturados em três fases: 1. Diagnósticos técnicos, sociais e ambientais; 2. Recuperação e implantação dos sistemas de dessalinização; e 3. Monitoramento e Manutenção dos sistemas de dessalinização implantados ou recuperados. (Com informações de Jornal da USP)