O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça-feira (10) que está estudando “questões técnicas” sobre uma possível ação militar contra a Síria junto com os Estados Unidos e o Reino Unido, e que a decisão será anunciada “nos próximos dias”.
A França, os EUA e o Reino Unido condenaram o suposto ataque químico que ocorreu na cidade síria de Duma no último final de semana. Trump anunciou nesta segunda que tomaria uma “decisão importante”. Esses países acusam o governo de Bashar al-Assad de ser o responsável pelo ataque, o que Assad e a aliada Rússia negam.
Macron disse em coletiva de imprensa nesta terça que deseja uma “resposta forte e conjunta” ao suposto ataque químico. Questionado sobre se a França tomaria uma ação militar, afirmou que a França vai continuar a discutir “questões técnicas” e “informações estratégicas” com EUA e Reino Unido.
Também disse que qualquer ação “teria como alvos estoques de armas químicas” e reiterou que o uso de armas químicas é, para a França, uma “linha vermelha”.
“Há uma linha vermelha, que compartilhamos com outras potências. Seguiremos falando com o Reino Unido e com os Estados Unidos sobre questões técnicas e tomaremos uma decisão nos próximos dias”, disse Macron em entrevista coletiva conjunta em Paris com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.
O chefe de Estado francês comentou que nem ele nem seus aliados querem “uma escalada da violência na região”, mas afirmou que “o direito humanitário” tem que ser respeitado.
Ataque contra Duma
O ataque em que um gás tóxico teria sido utilizado aconteceu no sábado e deixou dezenas de mortos e feridos. A acusação do suposto ataque químico contra o governo partiu do grupo rebelde sírio Jaish al-Islam. Eles acusam o regime de Assad de lançar um barril-bomba com substâncias químicas venenosas contra civis.
Duma fica na região de Guta Oriental, onde desde fevereiro o governo sírio promove uma ofensiva para retomar o controle das mãos dos rebeldes. A cidade, que é a maior dessa região, é um dos últimos redutos dos combatentes que lutam contra Assad.
Os governos da Síria e da Rússia insistem em dizer que não houve ataque químico e disseram que estão dispostos a receber e facilitar uma visita segura de investigadores da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) para estudar as denúncias.
‘Invenção hollywoodiana’
Nesta segunda, o representante sírio na ONU, Bashar Ja’afari, disse no Conselho de Segurança que as alegações de um ataque químico são uma mentira, que atribuiu aos rebeldes sírios e ao grupo Capacetes Brancos, de civis que atuam voluntariamente como socorristas.
“Os Capacetes Brancos inventaram provas e fizeram fotos para apontar o governo sírio à comunidade internacional e para justificar uma intervenção militar na Síria”, disse. “São mentiras extremamente elaboradas. São uma invenção hollywoodiana”.