O brasileiro empobreceu em 2017. Segundo dados inéditos do IBGE, comparando a renda do ano passado com a de 2016, em média, a população perdeu R$ 12 no rendimento mensal, passando de R$ 2.124 para R$ 2.112, o que representa uma queda de 0,56%. Já o rendimento proveniente apenas do trabalho (sem contar outro tipo de renda, como vendas informais, aluguéis e benefícios previdenciários) caiu R$ 31 no mesmo período, de R$ 2.268 para R$ 2.237, uma redução de 1,36%. Já o rendimento médio mensal dos trabalhadores mais pobres caiu a R$ 47 em 2017, ante R$ 76 no ano anterior. Esse contingente soma cerca de 4,5 milhões de pessoas, ou 5% de todos os brasileiros que tiveram renda do trabalho no ano.
A queda reflete a situação do mercado de trabalho no país, com o fechamento de vagas com carteira assinada. Também caiu a renda média dos trabalhadores que estão entre o 1% mais rico, que passou de R$ 28.040 para R$ 27.213. Os dados fazem parte da pesquisa “Rendimento de todas as fontes”, um extrato da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada nessa quarta-feira (11). É a segunda vez que os dados são compilados pelo IBGE e, por isso, não há comparações de médio e longo prazo.
A pesquisa verificou desigualdade de renda no país. Assim como no ano anterior, os 10% mais ricos concentraram em 2017 43% da massa de rendimentos do país, que somou R$ 263 bilhões. A diferença salarial entre o 1% mais rico e os 50% mais pobres foi de 36,1 vezes, estável em relação aos 36,3 vezes verificados em 2016. “Apesar da estabilidade, os dados mostram que o Brasil é um país de grandes desigualdades, na comparação com outros países, e de grandes desigualdades internas, se compararmos entre as regiões”, disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. A pesquisa detectou que, com a crise, aumentou a participação de outras fontes, além do trabalho, na renda dos brasileiros.
A fatia referente a rendimentos obtidos com trabalhos caiu de 74,8% para 73,8%. Com relação a 2016, o número de brasileiros que receberam rendimentos de todos os trabalhos caiu 0,4%, de 87,095 milhões para 86,785 milhões. Já o número dos que têm outras fontes de renda cresceu 1,3%, de 49,314 milhões para 49,957 milhões.
Nas outras regiões, segundo o IBGE, houve aumento do rendimento médio mensal, considerando todas as fontes de renda. A maior alta foi verificada no Centro-Oeste, beneficiado pelo desempenho da agroindústria, onde o rendimento mensal cresceu 3,7% em 2017, para R$ 2.512.
Já o rendimento médio de outras fontes foi de R$ 1.382, alta de 2,3% com relação a 2016. Nesse caso, a alta foi verificada em todas as regiões. Entre as pessoas que declararam ter recebido outras fontes de renda, 14,1% citaram aposentadorias e pensões. Outras 2,4% disseram receber pensões alimentícias, doações ou mesadas, e 1,9%, aluguéis e arrendamentos.
Segundo o IBGE, 7,5% dos entrevistados disseram receber outros rendimentos, como seguro-desemprego, programas de transferência de renda ou rendimentos de poupança, queda de 0,2 ponto percentual em relação ao ano anterior. Considerando a renda do trabalho com outras fontes, a renda mensal do grupo que compõe os 5% mais pobres foi de R$ 40, contra R$ 49 no ano anterior. Já entre os 5% mais ricos, foi de R$ 15.504.
Benefício
O número de famílias que recebem rendimentos do programa Bolsa Família caiu em 2017. Ao todo, 9,5 milhões de domicílios receberam o benefício social em 2017, 326 mil a menos do que no ano anterior, segundo o IBGE. O programa é destinado às famílias que vivem em situação de pobreza extrema.
Segundo o IBGE, todas as regiões do país tiveram redução no número de benefícios pagos. A queda mais acentuada foi no Nordeste, região que concentra o maior número de beneficiários. Ao todo, 131 mil domicílios nordestinos deixaram de contar com a verba extra.
O Sul foi a segunda região onde houve a maior redução no total de benefícios pagos. Foram 77 mil a menos que no ano anterior. A redução no número de domicílios beneficiados pelo programa ocorreu em 21 dos 27 Estados. A maior redução ocorreu em Minas Gerais (63 mil a menos).
Mulheres ganham menos
No ano passado, o salário médio pago às mulheres foi apenas 77,5% do rendimento pago aos homens no Brasil. Enquanto eles receberam em média R$ 2.410, elas ganharam R$ 1.868. A porcentagem ficou levemente acima da registrada em 2016 (77,2%).
Apesar de terem os rendimentos médios mais baixos do país, as regiões Norte e Nordeste registram a menor desigualdade salarial entre homens e mulheres. No Norte, o salário médio da mulher correspondia a 87,9% do salário do homem.