O promotor Leonardo Barbabella, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público da capital, afirmou, em entrevista coletiva nessa quarta-feira (18), que estão em curso outras 45 investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Polícia Civil envolvendo o vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte Wellington Magalhães (PSDC).
Uma dessas investigações, segundo o promotor, estaria relacionada ao possível envolvimento do vereador com o tráfico de drogas. “Há uma investigação encaminhada para a polícia que seria o envolvimento com o tráfico de drogas. Não há provas, mas há uma investigação neste sentido”, disse.
Levantamento feito por O TEMPO indicou que, só nos últimos 30 dias, houve a abertura de 15 inquéritos no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para investigar supostas irregularidades praticadas por Magalhães quando era presidente da Casa. No órgão, há procedimentos contra o vereador que já duram quase 15 anos.
A maioria desses inquéritos apura supostas irregularidades em licitações da Casa – motivo semelhante ao que deu embasamento às operações Santo de Casa e Sordidum Publicae. Em outra ação, há a investigação de possíveis exigências de vantagens indevidas de empresas e empresários interessados em votações de projetos de lei na Câmara.
Há a expectativa de membros do MPMG de que, com as denúncias apresentadas contra Magalhães e com o vasto material ainda a ser apurado a respeito de atuações supostamente irregulares do parlamentar, o ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte possa se interessar em firmar um acordo de delação premiada com o órgão. Na coletiva dessa quarta-feira (18), porém, o promotor Leonardo Barbabella descartou a possibilidade.
Vidente. Membros do MPMG e da Polícia Civil desconfiam que Wellington Magalhães possa ter sido avisado sobre a operação e, por isso, conseguiu fugir. Uma coincidência também não é descartada, visto que o parlamentar, pré-candidato pelo PSDC a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), vinha promovendo agendas pelo interior do Estado.
Trechos do relatório da operação dessa quarta-feira (18), obtidos por O TEMPO, apontam, porém, que há indícios de obstrução à Justiça por parte do vereador durante a realização da Santo de Casa, em 2015. Segundo o documento, houve movimentação na residência de Magalhães para esvaziar o imóvel.
“Na manhã daquele dia, policiais civis encontraram a casa totalmente assepsiada, sem moradores, sem qualquer material a ser arrecadado e, inclusive, com o cofre aberto e vazio. No local, havia apenas um vigia, que informou aos investigadores que recebeu um telefonema do investigado no dia anterior para realizar a guarda da residência, sem lhe dizer o motivo”, diz trecho do relatório.
O texto mostra, depois, que Magalhães recebera, no dia anterior, uma ligação desesperada vinda da irmã, a deputada estadual Arlete Magalhães (PSDC), afirmando que precisavam conversar pessoalmente. Depois do contato, o vereador não atendeu nem fez novas ligações de seu celular.
Em trecho seguinte, o relatório também aponta que Rodrigo Dutra, o mesmo assessor que está foragido, foi o responsável por seguir para a residência dos Magalhães e esvaziar a casa. “Os registros da equipe de monitoramento indicam que Dutra agiu com intuito de ocultar provas no local, em que ressaltamos a esta altura já era de conhecimento dos investigados da operação no dia seguinte”, mostra o texto, que conclui: Wellington Magalhães, Kelly Magalhães e Rodrigo Duarte agiram de forma consciente e voluntária para embaraçar a investigação”.