A crise instalada no campus da Unifei em Itabira se agravou nesta quarta-feira (18) com a publicação de um memorando do reitor da Universidade Federal de Itajubá, professor Dagoberto Almeida Alves, nomeando o professor José Eugênio Lopes de Almeida, de seu grupo político, para a diretoria-geral do campus local. Para a vice-diretoria foi nomeado o seu companheiro de chapa, professor Élcio Franklin Arruda.
A nomeação do professor José Eugênio Lopes, que estava como diretor interino, atropela e desconsidera os resultados de uma consulta realizada para a escolha do diretor-geral, cargo que ficou vago em dezembro do ano passado com as renúncias do ex-diretor Dair José de Oliveira, e também do ex-diretor-adjunto Márcio Tsuyoshi Yasuda.
Na ocasião, eles não concordaram com a proibição da reitoria para que se fizesse uma consulta popular sobre a proposta de dividir o campus local em diretorias acadêmicas (leia aqui e aqui).
Segundo informações, é a primeira vez que a reitoria nomeia a diretoria do campus sem considerar o resultado da consulta popular. “Não foi um ato democrático e só confirma o caráter ditatorial que vem assumindo a reitoria com relação ao campusde Itabira”, considera um universitário, revelando o clima predominante entre os alunos. Ele pede para não ter o seu nome revelado. “O clima está tenso e retaliações podem ocorrer”, teme.
Saiba mais sobre a crise na Unifei
Em carta aberta à comunidade acadêmica, os professores Dair José de Oliveira e Márcio Tsuyoshi Yasuda expuseram os motivos que os levaram à renúncia da direção do campus de Itabira, cujo mandato só expiraria em 21 de junho de 2019.
Foi quando explicitaram as dificuldades que estavam encontrando para implementar o projeto universitário de Itabira, assim como a perda gradual de autonomia que vinha ocorrendo da direção do campus local.
Para eles, é importante que a universidade se “mantenha no propósito de contribuir de maneira destacada para a diversificação econômica de Itabira e região, motivo pelo qual este campus foi aqui implantado.”
Embora lamentem a possível descontinuidade de importantes ações que se encontram em curso, os ex-dirigentes da Unifei reiteram “a confiança na consolidação de nossa instituição, que deve continuar com a sua missão de contribuir de maneira destacada e efetiva para a diversificação econômica de Itabira e da região.”
Crítica da razão crítica
Quase dois meses após a crise ser instalada com as renúncias em Itabira, no início de fevereiro, o reitor Dagoberto Alves de Almeida rompe o silêncio em uma longa postagem no site da universidade (leia aqui).
Sob o título O abandono de cargos no campus da Unifei-Itabira, Dagoberto classifica as renúncias como sendo um fato grave. E critica o vazio de poder ocasionado pelo “abandono” dos cargos pelos ex-diretores, o que poderia, segundo ele, ter acarretado prejuízos à universidade.
Em tom irritado e provocador, rebate as “inconsistências” apontadas pelos renunciantes. “A gravidade dessa ação (a renúncia, ou o abandono, como quer o reitor) é algo sem precedentes, que mancha a história centenária de nossa querida Unifei.” (Site Vila de Utopia)