Boa parte dos políticos cotados para disputar a Presidência da República em outubro são alvo de mais de 160 casos em tribunais do país inteiro, aponta o jornal “Folha de S.Paulo”. De Lava Jato a barbeiragem no trânsito, há investigados, denunciados, réus, condenados e um preso, o ex-presidente Lula (PT), que lidera as pesquisas eleitorais. Levantamento feito pela “Folha” nos tribunais superiores, federais e estaduais mostra que a Lava Jato e suas derivações, além de outras investigações de desvio, são pedras no sapato de ao menos oito presidenciáveis.
Esse pelotão é liderado por Lula – condenado a 12 anos e um mês –, o presidente Michel Temer (MDB) – alvo de duas denúncias e de duas investigações em andamento –, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC) – réu na Lava Jato e alvo de outros quatro inquéritos – e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), investigado em dois inquéritos na Lava Jato.
Cogitado para substituir Lula, caso ele seja impedido de disputar o pleito, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad tem contra si uma investigação aberta por suposto caixa 2, em decorrência da delação do empreiteiro Ricardo Pessoa (UTC), um dos delatores da Lava Jato. Jaques Wagner, outro petista cotado, foi alvo recentemente da operação Cartão Vermelho (que apura suspeita de propina na reforma da Arena Fonte Nova).
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) teve seu caso enviado para a Justiça Eleitoral, o que o tirou da mira imediata da Lava Jato. Mas o Ministério Público de São Paulo afirmou que também irá investigar se o tucano cometeu improbidade administrativa em episódio de suspeita de recebimento caixa 2 de mais de R$ 10 milhões.
Outro investigado é o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro (PSC). Como representante de uma empresa de qualificação de risco, ele foi alvo de quebra de sigilo bancário e fiscal e depôs em investigação sobre possíveis fraudes em investimentos do fundo de pensão dos Correios, em fevereiro.
Um segundo grupo de presidenciáveis responde por declarações que podem ser consideradas crime. É puxado por Jair Bolsonaro (PSL), que responde a duas ações penais no STF sob acusação de injúria e incitação ao estupro, além de uma denúncia por racismo por palestra em que criticou quilombolas – na área cível, Bolsonaro foi condenado nesse último caso, em primeira instância, a pagamento de indenização de R$ 50 mil.
Ciro Gomes (PDT) é o campeão, em volume, de casos na Justiça. Ele acumula mais de 70 processos de indenização ou crimes contra a honra, movidos por adversários. O ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa (PSB) foi condenado por danos morais por ter dito que um jornalista chafurdava no lixo.
A “Folha” localizou ainda casos como o de Guilherme Boulos (PSOL). Além de processos relacionados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, do qual é líder, ele teria batido na traseira de uma moto, arremessando-a contra a traseira de outro carro.
O número de investigações e processos pode ser maior porque o levantamento não inclui ações em segredo de Justiça, processos trabalhistas e eventuais ações movidas na Justiça de primeira instância de Estados que não são os de origem ou atuação política do presidenciável.