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O ônibus da linha 631, que faz o itinerário Estação Vilarinho/Serra Verde, ficou completamente destruído. Mesmo depois dos trabalhos dos bombeiros, uma das rodas ainda estava em chamas. O motorista contou à polícia que foi fechado por um carro.
“Um desceu, me cercou na entrada da curva com a arma em punho. Aí eu parei, parei o veículo. Mandaram eu descer do veículo, a gente desce na hora desesperado, você tenta resguardar seu passageiro”, contou o motorista.
Ele contou que no carro havia outros dois homens. Um deles desceu com um galão de combustível e espalhou por todo ônibus. “Aí ele colocou fogo no ônibus lá, começou lá atrás no ônibus e foi até lá na frente. Acho que para tentar impedir a gente de fazer alguma coisa, de tentar pegar o extintor que fica na frente, para tentar apagar”.
Antes de fugir, ele foi até o carro e buscou um bilhete, que foi entregue ao motorista e teria sido escrito por parentes de detentos do presídio de São Joaquim de Bicas 2, na Grande BH. Na mensagem, eles pedem melhorias na unidade. O bilhete foi apreendido e será encaminhado à Polícia Civil.
Segundo a polícia, havia apenas uma passageira no ônibus. O motorista contou que a mulher estava dormindo na hora do ataque, mas que não foi rendida pelos criminosos e conseguiu fugir.
“Ela desceu desesperada, subiu até o resto do itinerário a pé. Eu tentei acalmar ela, mas ela foi embora”.
As chamas atingiram a rede elétrica e parte da rua ficou às escuras. Moradores de um prédio acordaram assustados com o fogo. A garagem do condomínio quase foi atingida.
“Eu estava dormindo, aí eles bateram no interfone pedindo para todo mundo do prédio descer. Para tirar os carros porque a gente tem uma garagem ali com os carros e o fogo estava muito próximo”, falou a administradora Kênia Félix Flor.
Ela e os vizinhos tiveram prejuízos. “Lá em casa queimou luz, teve alguns moradores que eu vi comentando que queimou televisão. A portaria do prédio queimou”, disse Kênia.
Após o incêndio, a polícia fez buscas na região e encontrou um carro que pode ser o mesmo que foi usado pelos criminosos. Ele estava abandonado em uma rua. Ninguém foi preso.
“Ele foi abandonado na região conhecida como Boréu, um aglomerado que tem aqui na Região de Venda Nova. Já foi consultado, não tem queixa de roubo nem outro impedimento. Apenas é bem semelhante ao carro descrito pelo motorista”, disse o sargento Maurício Pedrosa Ursine.
Este não seria o primeiro caso de ataque a ônibus no bairro Serra Verde. Em fevereiro de 2017, dois homens entraram no coletivo, carregando um galão com líquido inflamável, mandaram o cobrador descer e atearam fogo.
Neste ano, desde o dia 12 de abril, nove ônibus já foram queimados na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Insegurança para os passageiros e para quem trabalha no transporte coletivo.
“Numa situação dessa a gente só pensa na família, só pensa na minha filha, entendeu. Eu penso na minha casa, eu penso em não poder mais sustentar a minha casa, porque eu sou o arrimo da minha casa. Ninguém faz nada, todo dia é um ônibus, é dois ônibus, é três ônibus incendiando. E a gente vendo a ferramenta de trabalho da gente pegar fogo dói. Dói, dói. E dói muito”, desabafou o motorista.