O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste sábado (28/04) que pretende se reunir com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, “em três ou quatro semanas” – o que representa uma leve antecipação em relação às estimativas da Casa Branca, que havia fixado o prazo da reunião para o final de maio ou princípio de junho.
“Acredito que vamos ter um encontro nas próximas três ou quatro semanas”, afirmou Trump em discurso em Michigan.
“Vai ser um encontro muito importante, a desnuclearização da península da Coreia”, acrescentou Trump diante de um grupo de simpatizantes.
Os apoiadores de Trump gritaram a palavra “Nobel” quando ele começou a falar do seu diálogo com a Coreia do Norte, o que provocou risos do líder, que respondeu: “Só quero fazer o meu trabalho”.
O Comitê Nobel norueguês, encarregado de decretar cada ano o prêmio da Paz, começou em fevereiro uma pesquisa sobre uma possível indicação ao prêmio em nome de Trump, o que fez com que alguns de seus simpatizantes, incluindo o congressista Luke Messer, pedissem formalmente o Nobel para Trump por causa do tema Coreia do Norte.
A reunião entre Trump e Kim será a primeira na história entre líderes dos EUA e da Coreia do Norte.
Desmantelamento de centro
Em outro acontecimento ligado à aproximação diplomática, a Coreia do Norte ofereceu realizar um “desmantelamento público” do seu centro de testes atômicos de Punggye-ri em maio, segundo informou neste domingo o Governo de Seul.
Pyongyang ofereceu encerrar de forma definitiva o centro no qual realizou seus seis testes atômicos depois que ambos os países se comprometeram à “completa desnuclearização” da península na cúpula entre Moon Jae-in e Kim Jong-un, segundo anunciou em comunicado o escritório presidencial sul-coreano.
Segundo explicou Seul, Kim propôs a Moon na cúpula que o fechamento de Punggye-ri (nordeste do país) aconteça publicamente para ressaltar o compromisso de Pyongyang com a desnuclearização.
Nesse sentido, o líder norte-coreano disse que convidaria especialistas e jornalistas para presenciar o encerramento do centro de testes atômicos.
“Alguns dizem que estamos fechando instalações que são inúteis, mas verão que estão em muito boas condições”, disse Kim ao presidente sul-coreano, segundo informou o escritório do último.
Muitos especialistas consideraram que as instalações de Punggye-ri ficaram irreversivelmente danificadas após a sexta (e mais potente até o momento) detonação nuclear subterrânea realizada por Pyongyang em setembro do ano passado.
Os analistas colocaram dúvidas a respeito do compromisso da Coreia do Norte, tendo em vista a falta de especificações na declaração assinada na sexta-feira a respeito dos mecanismos para implementar o mencionado desarmamento e diante dos maus precedentes da década passada.
Nesse sentido, Pyongyang se negou a facilitar as inspeções das suas instalações e arsenais durante as conversas de seis lados (nas quais participaram as duas Coreias, EUA, China, Rússia e Japão) realizadas para negociar o fim do programa atômico norte-coreano.
Diálogos
Também neste domingo, o escritório da Presidência da Coreia do Sul divulgou outros trechos do diálogo travado entre Kim e Moon na última sexta-feira. Em um deles, Kim Jong-un, afirmou que não é “o tipo de pessoa que dispara armas nucleares”.
“Embora tenha minhas reservas com Washington, as pessoas verão que não sou o tipo de pessoa que dispara armas nucleares para a Coreia do Sul, o (Oceano) Pacífico ou os Estados Unidos”, disse Kim a Moon durante a conversa.
“Se nos reuníssemos regularmente com os americanos para sedimentar a confiança e eles prometessem pôr fim à guerra e não nos invadir, para que manteríamos então um arsenal nuclear e viveríamos em condições tão difíceis?”, explicou Kim a Moon, segundo detalha o escritório presidencial de Seul em comunicado.
Kim acrescentou, além disso, que não repetiria “a dolorosa história da Guerra da Coreia e que são necessárias medidas concretas para evitar qualquer confronto militar acidental”. (JPS/efe/lusa/afp)