Em meio a denúncias sobre um programa nuclear secreto, o Irã negou as acusações israelenses nesta terça-feira (1) e disse que as declarações só buscam apresentar o país como uma ameaça em uma série de “julgamentos não profissionais”, informa a agência Efe. Na segunda-feira (30), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o Irã mentiu sobre não buscar armas nucleares.
“Os líderes do regime sionista de Israel sobrevivem no uso de charlatanismo para mostrar outros países como uma ameaça”, disse Bahram Qasemi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, em um comunicado.
Após chamar a imprensa na segunda para apresentar as denúncias, o primeiro-ministro de Israel disse à CNN nesta terça-feira (1) que não busca uma guerra com o Irã.
“Ninguém está buscando esse tipo de desenvolvimento. O Irã é que está mudando as regras na região”, afirmou o premiê israelense.
Enquanto isso, o Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), agência da ONU para energia atômica, disse nesta terça que avalia os documentos apresentados por Israel.
Um porta-voz da agência lembrou, no entanto, que a OIEA concluiu uma investigação em 2015 sobre o programa nuclear iraniano. O relatório apontava que o país pesquisava sobre uma bomba nuclear até 2003, mas que a pesquisa não passou de estudos científicos e viabilidade técnica — e não chegou a uma aplicação prática.
A agência informou também que o Irã abandonou seus intentos de construir uma bomba nuclear em 2009. As informações são da agência Efe e Reuters.
Acordo nuclear e a pressão dos Estados Unidos
Para tentar minar os intentos do Irã sobre uma possível bomba, potências mundiais assinaram um acordo nuclear com o país em julho de 2015. O pacto permitia que o Irã continuasse com o desenvolvimento de seu programa nuclear para fins comerciais, médicos e industriais, desde que não usasse esse conhecimento para a produção de armas nucleares.
Em troca, bilhões de dólares de bens congelados de iranianos foram liberados.
Os Estados Unidos agora sob o comando de Trump, entretanto, criticam duramente esse acordo assinado e estão apoiando as denúncias apresentadas por Israel.
Com isso, também nesta terça-feira (1), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, disse que o novo relatório de inteligência de Israel sobre o programa de armas nucleares iraniano é autêntico e boa parte dele é novidade para especialistas americanos, informa a agência France Presse.
Pompeo se reuniu com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no último domingo em um quartel militar de Israel, e foi informado sobre o material, que foi divulgado quando o novo secretário das Relações Exteriores de Washington voltou para casa.
“Posso confirmar para você que esses documentos são reais e autênticos”, disse Pompeo a repórteres em seu avião, segundo a France Presse.
Segundo Netanyahu, depois de assinar o acordo nuclear em 2015, o Irã intensificou esforços para esconder seus arquivos secretos. “Em 2017, o Irã transferiu seus arquivos de armas nucleares para um local altamente secreto em Teerã”, afirmou.
“Os líderes do Irã negam repetidamente a busca por armas nucleares”, disse Netanyahu. “Hoje à noite eu estou aqui para dizer uma coisa: o Irã mentiu.”