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Perda de apetite, dor na garganta e prostração. Esses são alguns dos sintomas identificados pela assistente social Karine dos Santos Borges, de 38 anos, mãe do pequeno Murilo Borges, de um ano e quatro meses, diagnosticado com a síndrome mão-pé-boca na primeira quinzena de abril.
A doença, pouco conhecida, é mais suscetível em crianças de até cinco anos. Já registrou seis surtos neste ano, que fizeram 107 vítimas em Minas Gerais, segundo balanço da Secretaria de Estado e Saúde (SES/MG).
Em Belo Horizonte, as Regiões Noroeste e Barreiro registraram duas epidemias da enfermidade esse ano, com 35 crianças diagnosticadas com a síndrome, cerca de 32% do índice registrado no estado. A informação é da a Secretaria Municipal de Saúde. Duas escolas de ensino infantil, nas duas regiões, registraram surtos da doença.
“Ele parou de comer, não estava querendo tomar mamadeira e ficou bem amuado, mudou o comportamento e não interagia com a gente. Eu percebia que ele sentia dor, mas ele não teve febre”, conta Karine Borges. Um dos principais sintomas da doença é a aparição de feridas, em forma de aftas na garganta, e de pequenas bolhas na palma das mãos e sola dos pés.
“O Murilo ficou nove dias com síndrome, mas as feridas só apareceram na garganta dele. Parecia muito com aftas e aí, por não aguentar engolir nada, outro sintoma que a gente percebeu foi que ele estava babando muito”, revela Karine. De início, ela achou que se tratava de um mal-estar comum.
Entenda a doença
A síndrome mão-pé-boca é uma doença que pode ser contraída em contato com a saliva e com fezes. É causada pelo enterovírus Coxsackie, e o período de incubação da enfermidade é de sete a oito dias. “Ela se manifesta de algumas maneiras, mas geralmente é com uma febre de 38, 39 graus, mal-estar, como toda virose, e aí no segundo e terceiro dias começam a aparecer as lesões”, explicou Lúcia Paixão, diretora de promoção à saúde e vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.
Durante o período em que o vírus da doença está ativo, a especialista alerta para a presença de lesões, além da boca, mãos e pés, também nas nádegas, podendo ser confundido com assaduras.“A evolução da doença é benigna, mas é preciso alguns cuidados. O repouso e a retirada da escola são alguns deles. O contato familiar não tem problema. Porém, é preciso manter as mãos de crianças e pais sempre higienizadas, assim como a superfície dos ambientes de convívio. Não é recomendado compartilhar copos e talheres usados pelo paciente”, salientou.
“O tratamento é sistêmico e não há medicação específica e nem vacina. Mas analgésicos que possam aliviar possíveis dores podem ser usados mediante prescrição médica”, alertou Lúcia Paixão, que ainda indicou a ingestão de líquidos para evitar desidratação.