A adolescente Bianca Torres, de Jundiaí (SP), trocou a festa de debutante por uma viagem humanitária: oito dias em dois assentamentos para refugiados em Angola, na África.
A adolescente, que completou 15 anos nesta quarta-feira, 02, conta que a ideia surgiu na escola durante aulas de geopolítica.
Bianca estudou sobre os países africanos e se sensibilizou com a realidade dos refugiados.
“Eu vi que, em vários países, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita era mais ou menos 300 dólares e pensei :’como uma pessoa pode ter isso em um ano, sendo que eu ia gastar muito mais que isso em uma noite?’, não era justo”, contou.
Com o apoio da mãe, Jessica Alvarez Castro, a jovem decidiu que doaria o dinheiro da festa para um lugar onde seria melhor utilizado.
Parte do dinheiro foi doado para duas ONGs e a outra parte foi utilizada na viagem para a Angola.
Jessica disse que não acreditou quando a filha desistiu da comemoração de aniversário, mas ao perceber a determinação da filha, não hesitou em apoiar.
Livros
Bianca e o pai, Demetrius Valdevino Torres, partiram para a Angola em novembro de 2017 sem certeza do que iriam encontrar nos assentamentos para refugiados mantidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O assentamento de Lovua está localizado no município de Lovua, na província de Lunda Norte no Nordeste da Angola.
Os refugiados que chegam à Lovua são da República Democrática do Congo.
Pai e filha acompanharam a rotina nos assentamentos de Kakanda e Lovua.
O local em Kakanda foi desativado em 2018 e as pessoas foram transferidas para Lovua, onde vivem cerca de 13 mil refugiados atualmente.
58% dos refugiados no assentamento de Lovua são crianças com menos de 18 anos.
Angola ainda atende cerca de 45 mil refugiados e solicitantes de refúgio de outras 20 nacionalidades em zonas urbanas, principalmente em Luanda e Viana.
Por isso, Bianca levou livros infantis para ler para as crianças e percebeu a importância da leitura em ambientes vulneráveis.
“Quando as crianças viram os livros elas ficaram muito felizes, queriam tocar. Mas eram muitas delas e não dava para atender a todo mundo”, finalizou Bianca.