A proposta de construção de uma nova cidade no entorno da Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, na Grande BH, está mais próxima de sair do papel. O empreendimento Csul recebeu uma “avaliação positiva” da Superintendência de Projetos Prioritários (Suppri), ligada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad). Para os responsáveis pela obra, a Licença Prévia deve ser obtida até julho deste ano.
A informação foi dada ontem durante reunião do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça. Representantes da entidade, no entanto, contestam a intervenção, que promete levar cerca de 150 mil pessoas para a região a longo prazo. Eles temem pelos impactos sociais e ambientais, sobretudo com relação aos recursos hídricos.
Durante o encontro entre os conselheiros do parque foi solicitado um novo pedido de vistas ao projeto. A próxima reunião está marcada para o dia 28. O grupo deverá definir se aprova, ou não, a implantação do empreendimento.
Segundo o superintendente de Projetos Prioritários do Estado, Rodrigo Ribas, o posicionamento do parque serve como um parâmetro, mas a análise fica a cargo da Suppri e do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Em seguida, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) define se aceita a licença.
“Até agora, não há impedimento para que o processo se instale. Por isso, apresentamos essa minuta do parecer pela viabilidade do projeto”, disse Rodrigo Ribas.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinicius Polignano, faltam estudos mais consistentes para avaliar os impactos hídricos. Segundo ele, o projeto coloca em risco o abastecimento de água de 4,5 milhões de moradores de Belo Horizonte e da região metropolitana.
“Temos uma vazão limitada no Rio das Velhas. E o rio é abastecido pelos vertedouros da Serra da Moeda, que serão afetados com a retirada de água necessária para o empreendimento”.
Segundo o coordenador de licenciamento ambiental da Csul, Waldir Salvador, a empresa vai investir R$ 9 milhões para fazer os estudos hídricos. Serão perfurados quatro poços profundos e oito piezômetros, equipamentos capazes de medir a quantidade e a qualidade da água no local. A implantação começará em julho com a previsão de término em 120 dias. A medição será feita durante um ano para a conclusão dos estudos antes da possível outorga de uso do recurso hídrico.
Enquanto isso, o processo de licenciamento segue o rito normal. “A gente espera que a Licença Prévia saia no mais tardar em julho. Um ano depois teremos a Licença de Instalação”, afirma Salvador. A proposta visa implantar o projeto em até 60 anos, com investimento de R$ 1 bilhão. Estão previstas 55 mil unidades habitacionais e a geração de até 80 mil empregos.