No mesmo dia em que decidiu pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para conter a escalada do dólar, o governo argentino negociou com as empresas do setor de energia um acordo para congelar os preços dos combustíveis durante os próximos 60 dias.
Com isso, evitou o aumento de 12%, que as companhias tinham previsto implementar, depois que a moeda norte-americana sofreu uma valorização na Argentina e também em outros países emergentes, como Chile e Brasil.
O motivo do congelamento, assim como o eventual acordo com o FMI, é manter a inflação sob controle. O governo do presidente Maurício Macri liberou os preços dos combustíveis que, em 2017, aumentaram 32%, acima da inflação de 25%.
Diante da disparada do dólar na semana passada, e o aumento do barril do petróleo, que superou os US$ 75, as empresas argentinas do setor energético já tinham planejado ajustar seus preços. Mas o governo conseguiu convencê-las a mantê-los congelados durante dois meses.
Segundo nota do Ministério de Energia, firmaram o acordo com Macri a estatal YPF, a Shell Argentina e a Pan American Energy. O congelamento termina em julho, quando as empresas terão autorização para compensar as perdas acumuladas.
Nesta quarta-feira (9), a oposição abre outra frente contra o governo no Congresso. Vai apresentar na Câmara dos Deputados um projeto de lei para limitar as tarifas dos serviços públicos, que Macri também liberalizou.
Preços controlados por 12 anos
Quando Macri assumiu, em dezembro de 2015, a Argentina vinha de 12 anos de preços controlados. Os ex-presidentes Nestor Kirchner (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015) mantiveram as políticas de subsídios das tarifas públicas, adotadas depois do colapso da economia argentina em 2001.
Macri decidiu atualizar os preços, argumentando que estavam defasados e, com isso, as empresas deixavam de investir. Mas os aumentos acabaram incidindo sobre a inflação, que ele também prometeu reduzir, e que continua em dois dígitos.
“O governo precisa reduzir o déficit público”, disse o economista Fausto Spotorno. “É certo que vai ter um custo social. Mas, por outro lado, a Argentina não tem como financiar esses gastos. E um desequilíbrio econômico terá um custo alto mais adiante”, disse.